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Eu não quero, mas…

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Costumava pedir o que tinha necessidade a quem podia mais que Ela.

Queria andar de mãos dadas.

Mas isso era preciso pedir a quem “podia mais que Ela”?

Claro!

Ela não tinha com quem andar de mãos dadas.

Não sabia quem poderia segurar sua mão.

Não fazia nem ideia de onde poderia encontrar.

Começou a pedir para quem podia mais que Ela.

Pediu, pediu, pediu…

Até que um dia:

“Vamos nos ver essa noite?”

Ela estranhou, mas aceitou.

Quando desceram do carro, Ele a beijou e explicou:

“Não quero mais andar sozinho. Você aceita andar comigo?”

Quando se pede a quem pode mais que você…

“Ele disse que quer andar comigo, do jeitinho que eu sempre quis.”

– Que coisa boa. Agora você tem quem vai segurar sua mão enquanto caminha.

“Coisa boa? Não quero segurar a mão dele, Ele é só meu amigo.”

– E você queria andar segurando a mão de um inimigo? Você não pediu a quem sabe mais que você? Ele não te atendeu? Então, já que está achando ruim, vai lá reclamar.

“Eu vou.”

E foi mesmo.

Chegou lá, sentou e começou:

“Eu sei que sabes muito mais que eu, só que eu não quero. Eu não quero, já disse que não quero.”
E, assim, ficou, parada em frente a quem sabe mais que Ela, repetindo sem parar que não queria, não queria e não queria.

Quem sabia mais que Ela não disse nada, afinal, a moça nada perguntara, apenas falava e repetia que não queria.

Até que, num minuto, parece que deu um estalo e Ela abriu os olhos de maneira tão assustada que parecia ter visto o que não estava ali há um segundo:

“Eu não quero, mas se o Senhor que sabe muito mais que eu quer, então, tá bom.”

A moça acabara de entender que “quem sabe mais” sabe aonde levam todos os caminhos.

Levantou dali, encontrou o moço e segurou sua mão.

De leve há 38 meses e um dia.

Um pouco mais forte há 14 meses e um dia.

E em definitivo há 02 meses e um dia.

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