redacao@jornaldosudoeste.com

Calar é melhor do que vomitar lixo cultural

Publicado em

WhatsApp
Facebook
Copiar Link
URL copiada com sucesso!

É fato bastante notório e conhecido que uma parcela do mundo artístico sempre esteve envolvida na defesa de causas sociais, e do mesmo modo, em causas políticas pelo mundo afora. Porém também é conhecido por todos que o envolvimento dos artistas, principalmente em causas políticas, tem sido pautado por um nível intelectual que ultrapassa o limite da participação comum de outros cidadãos, exatamente por que o nível intelectual dos artistas está sempre em outro patamar.

Mas uma coisa é bastante similar no mundo artístico, principalmente na produção musical, pois a grande maioria dos artistas preocupados com a mudança de paradigmas, sempre fizeram músicas de protesto contra o chamado status quo dominante. O que causa impressão negativa é o artista fazer musica para defender minorias conservadoras ou opressores de plantão.

Nos últimos tempos renomados artistas que sempre pautaram seus melhores momentos para protestar, mudaram repentinamente de posição, e muitos deles estão de fato perdendo seus espaços que foram conquistados com muito trabalho em torno de públicos fiéis. Mesmo sendo um artista para se envolver em política é um caminho bastante perigoso, porque a arte é eterna mas o artista nem sempre.

Casos emblemáticos têm sido revelados nos últimos tempos de que a mudança de posição política nem sempre significa continuidade do sucesso de público como artista. Exemplos bem conhecidos são os cantores Lobão e Roger (banda Ultraje à Rigor). Suas posições políticas em defesa de projetos conservadores da sociedade simplesmente afastaram aos poucos seu grande público, mesmo não deixando de ter obras de arte de respeito.

Agora os casos mais polêmicos do momento aconteceram recentemente com dois considerados grandes artistas brasileiros, que provaram que quando se confunde a arte com a política sempre se paga seu preço. E que quando se fala coisas sem muito pensar recebe-se flechadas exatamente de quem faz política e se sente ofendido pelo artista que tanto segue. Trata-se de Zezé de Camargo e Dinho Ouro Preto.

Zezé de Camargo em entrevista recente disse que não houve ditadura militar no Brasil, e além de causar uma grande polêmica entre pessoas que são fãs e outras que não, também deixou claro que é um artista que enriqueceu fazendo música e shows, mas esqueceu de estudar a história do país que ele mesmo vive. E Dinho Ouro Preto (Capital Inicial), que fez tantas músicas de protestos, diante de tanta impopularidade de um governo que deu um golpe de Estado contra a democracia e contra Dilma Rousseff, eleita democraticamente com cerca 54 milhões de votos, disse que exatamente a vítima Dilma Rousseff foi quem sequestrou a democracia, provando também que parece que nem jornal ler.

Se essa boa safra de artistas não planejarem a evitar as bobagens que falam, eles sempre sucumbirão em despejarem lixo cultural pela boca, em vez de musica de qualidade como sempre fizeram em passado recente. Dizer que não houve uma ditadura militar no Brasil é achar que os brasileiros não lêem a história do país, e dizer que quem sequestrou a democracia foi a mulher que foi ateada do poder por uma quadrilha de bandidos comprovados e sem votos, é sucumbir à plena escabrosidade moderna.

É bom fazer arte mas não deixar de estudar, e saber se calar no momento certo, porque consumidores da boa música também são envolvidos politicamente na sociedade e não deixam jamais de estudar, principalmente a história. A arte além de ser o espelho da alma, ela também existe para confrontar e não para defender o que está errado!

Deixe um comentário

Jornal Digital
Jornal Digital Jornal Digital – Edição 745