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Mão estendida

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Tava perdidinho o Menino.

Andando de um lado para o outro sem saber para onde ir até que um dia…

“Claro que posso. Manda ele vir falar comigo.”

E ele foi.

“Sei, sim senhor. Sei sim, claro. Posso. Hoje mesmo.”

E assim nosso Menino perdido passou a ter emprego.

Dias depois…

“Será que ele quer?”

“Não sei. Mas fale com ele.”

“Se eu quero? É o que eu mais quero na vida! Posso sim. Hoje? Estarei lá!”

E assim nosso Menino perdido passou a ter emprego e a frequentar a escola.

E ele nadou de braçada.

Solícito, atencioso, bem humorado e competente, nosso Menino perdido se encontrou.

No trabalho, na escola, em todos os lugares aonde ia, era só sucesso.

Até que um dia…

Um dia viu aquilo e achou tão interessante.

Continuou trabalhando, estudando e sendo aquilo que sempre fora.

Outro dia viu de novo e teve a ideia de pegar, ninguém estava vendo.

Saiu de perto.

Tinha muito a perder.

Continuou a vida, mas aquilo não lhe saia da cabeça.

Até que, um dia viu e sem pensar em tudo que tinha a perder, se aquilo ganhasse, pegou seu objeto de desejo.

Levou e escondeu.

Continuou a vida.

Sorrindo, cantando, estudando, trabalhando.

Até que um dia, como não poderia deixar de ser, foi descoberto.

E seu mundo desmoronou.

Quebrou em pedacinhos minúsculos.

Perdeu tudo o que havia conquistado até ali.

O que tinha e quase até o que não tinha.

Ficou atordoado, perdido outra vez.

Antes que começasse a vaguear sem rumo, encontrou uma mão estendida.

Segurou.

Com todas as forças que ainda lhe restavam, segurou.

Não.

Ele sabia que não daria conta sozinho.

Por isso, segurou e foi devagarzinho. Primeiro se firmou nos pés.

Depois nas pernas.

Ergueu o tronco e a cabeça.

Abriu um sorriso e começou a andar.

Novamente por caminhos certos.

Caminhos de onde nunca deveria ter-se desviado.

Conseguiu porque, um dia, encontrou uma mão estendida que foi o seu porto seguro.

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