Acho verdadeiramente incrível a relação que o ser humano tem com aquilo que não lhe serve mais.
Principalmente quando a coisa deixa de servir enquanto a criatura que se diz humana está no meio da rua.
Andando por aí ouve o som mavioso e o perfume estonteante vindo do carrinho do pipoqueiro.
Sem pensar meia vez vai em direção a ele e pede o maior de todos os pacotes.
O moço, para atendê-lo, pega o maior dos saquinhos, abre com o mesmo breguete que vai usar para depositar as perolazinhas salgadas e, depois que o saquinho está quase transbordando, realiza a entrega.
Satisfeita, sua pessoa vai embora espalhando o perfume de pipoca amanteigada.
Lá pelas tantas, quando não há mais nada dentro daquele saquinho de papel que até poucos minutos era precioso…
Chegávamos ao Parque Nacional de Brasília ontem de manhã quando o Namorado viu um ser humano jogando uma lata de cerveja no chão.
Ele, em uma ação rápida para, quem sabe, tentar sensibilizar o coração do porquinho andante, abaixa e pega uma lata abandonada.
O nobre rapaz vendo tal atitude dispara:
“Amigão, tem latas ali ao lado do meu carro também.”
O Namorado falou qualquer coisa sobre manter o parque limpo e foi embora.
O porquinho humano seguiu seu caminho.
Amassar o saquinho de pipoca e descartar no exato lugar por onde passam seus pés, jogar ruidosamente a lata vazia em um parque ecológico é tão natural para muitas pessoas que passei acreditar o seguinte:
Está no inconsciente coletivo a máxima de que, ao usar a lixeira, a pessoa é contaminada por uma radiação que causa morte instantânea.
Só pode!
É preciso contar ao mundo: jogar o lixo no lixo não mata.
Fica a dica!