O tema da família interessa a muitas pessoas. Todos nós, de algum modo, temos uma base de família, de ambiente afetivo onde fomos acolhidos, cuidados e amados. Atualmente, a família sofre as tensões e enfrenta as turbulências do mundo, da cultura e do modo de ser das pessoas. O meu jeito de ser e de viver repercute na minha família. E a minha família repercute no meu jeito de ser. É uma pista de duas vias. O ambiente da família me ajuda a ser quem sou e aquilo que eu sou vai construindo a minha família. Uma pessoa que está bem consigo mesma consegue viver e conviver muito melhor. E quem não está encontrado consigo mesmo, quem não tem um coração sereno e equilibrado, poderá enfrentar mais dificuldades para ter família saudável. Por isso, eu acredito que quando falamos em crise de família, necessariamente precisamos falar de crise do ser humano.
O ser humano está em crise. Nossa humanidade, nossa capacidade de conviver, de lidar com conflitos, de ter atitudes de acolhida e de paciência, nossa capacidade de diálogo, de respeito e compromisso estão abaladas. Parece que não somos especialistas no autoconhecimento. Nós queremos família, mas estamos atrapalhados no modo de agir e de ser. Por isso, família sempre é aprendizagem. Mas onde apreender? Quem nos ensina? A vida, as quedas, aquilo que acontece naturalmente, será suficiente? Alguns podem dizer que a vida é a melhor escola. Em parte sim. Aprendemos muito com nossas escolhas, que sempre são de acertos e erros. Ocorre que aprender só com a vida pode trazer mais sofrimento. Muitas coisas poderiam ser evitadas, pela aprendizagem que vem através da busca e do conhecimento.
Por isso, poderíamos perguntar: Quantos casais leram um, dois ou três livros sobre relacionamento saudável na família? Quantos leem e se formam a respeito de como educar os filhos nos tempos atuais? Quem busca uma palestra, um retiro, um encontro, celebração ou orientação, que possa abrir a mente e dar mais clareza à tarefa de construir família saudável? Quem busca autoconhecer-se e perceber seus pontos fracos e fortes? Quais são as prioridades de nossas buscas? Como formamos o nosso ser, nossa humanidade e nossa capacidade de se relacionar?
Certo dia uma mãe veio conversar comigo sobre as dificuldades que tinha no relacionamento com o filho. Depois da conversa emprestei um livro do Içami Tiba Sobre a relação entre pais e filhos. Alguma semana depois voltou e me disse: “Padre, todos deveriam ter a oportunidade de ler esse livro”. Claro, isso não acontece. Mas com isso, ela estava dizendo que um livro, uma palestra, um retiro, pode dar nova direção à vida em família. Isso é colocar-se a caminho, estar aberto a aprendizagem e não pensar que a comodidade do sofá, da televisão e dos programas de entretenimento ou das redes sociais, podem me ajudar muito a resolver problemas de relacionamento. O relacionamento saudável, que é uma das coisas mais importantes da vida, precisa ser aprendido diariamente.