Para tudo, existem dois caminhos.
A cada escolha, caminhos.
Algumas vezes, muitos.
Todas as vezes, dois.
O que se vê deles?
O começo.
Pequeno trecho do percurso, no máximo um ou dois metros.
Onde vai dar?
Não se sabe ao certo.
Apenas o que se ouve falar da experiência que teve quem escolheu um ou outro.
Tem-se até, no inconsciente coletivo, um senso comum de qual é o melhor.
Afinal, como vivem, onde moram, o que comem e fazem aqueles que escolheram essa ou aquela estrada é evidente a todos.
Alguns conseguem viver bem, morar de maneira encantadora, comer maravilhosamente tendo escolhido esse ou aquele.
E, aí, a dúvida: qual caminho seguir?
Na hora da escolha, o que traz o grande dilema é o que se vê no começo de cada um.
Como se vê pouco, há uma descrição sucinta das possibilidades existentes.
O problema é exatamente o que se vê.
Em um, luzes, música alta, gente bonita convidando a entrar e todo o tipo de atrativo que você possa imaginar caber em um ou dois metros.
No outro, iluminação forte, mas pontual, piso convidativo e impecavelmente limpo, gente bem apessoada com semblante sério, mas feliz. Toda sobriedade que você possa imaginar acomodar em um ou dois metros.
O bacana desses caminhos é que não são túneis onde se entra e não há como sair. É possível ao longo do percurso mudar de ideia, ir e voltar.
Nesse detalhe, todo o perigo.
É comum a pregação de profetas que dizem poder mudar de caminho sem consequências, no fim de cada ciclo de cinco dias. Que não há qualquer perigo. Não existe quem consiga caminhar apenas onde a luz é pontual, é preciso extravasar. Não existe quem consiga caminhar apenas onde o som é alto, é preciso silenciar.
Mas ao longo do caminho?
Muitos, com a intenção de mudar de lado apenas por alguns instantes, têm apagado da memória o caminho de volta e ficam onde o som é alto para sempre ou onde o silêncio é ensurdecedor.
Nunca voltam.
Pesquisas apontam que, ao fim dos caminhos, não existe um pote de ouro, mas há uma ponte muito bem pavimentada entre um caminho e outro e quem escolher um dos dois pode ir e voltar quando quiser.
Mas essa ponte só pode ser cruzada com tamanha liberdade por quem escolher lá no começo um deles e passar a maior parte da caminhada ali.
Pode até mudar de lado, mas tem que voltar.
Rápido.
Porém, na hora de escolher, se é tão novo, sabe-se tão pouco.
Na hora de mudar, é tão bom, tão saboroso.
Na hora de voltar, dolorido, chato, maçante.
Mas quando se chega ao fim do caminho, o que se encontra é irremediável.
Melhor ponderar hoje, enquanto há como escolher qual caminho trilhar, onde permanecer, de onde voltar.