Você é curioso?
Sério?
Muito?
Ela também!
Pense em uma pessoa que tem curiosidade por tudo nessa vida.
Das coisas difíceis sobre o universo, tecnologia, ciências, filosofia, tudo.
O tempo é pouco, a vida é curta para tanta curiosidade.
Você também?
Além da curiosidade sobre assuntos profundos e bacanas, existe sempre aquela zona proibida:
a vida alheia.
Acho que essa é uma praia frequentada por todo mundo.
Ou será que Você deixa que Ela fique lá sozinha?
Fala sério!
Sua curiosidade sobre fatos que não lhe dizem respeito é particularmente grande.
Mas, assim, Ela tinha vontade de saber, por exemplo, se a moça que sumiu por algumas semanas e reapareceu como se nada tivesse acontecido, mas muito diferente, tinha de fato feito plástica.
Quando sua curiosidade se transforma em certeza, Ela se admira do fato e pronto.
Cala.
Mata a bendita e fim.
Mas o mais interessante é o processo.
Ela nunca, nunca, de jeito maneira chega e pergunta:
“Você fez plástica?”
Jamais!
Nem pergunta para as amigas das amigas.
Ela tem bem desenvolvida e arraigada a “ética da curiosidade”.
Faz parte da sua “ética” não perguntar nada do que for referente ao foco do momento.
E como a moça descobre o que deseja?
Observa.
Em silêncio.
Presta atenção às conversas, faz perguntas abertas para pessoas do relacionamento da amiga plastificada e, assim, uma hora ou outra, quando menos espera, fica sabendo, com riqueza de detalhes, de tudo.
A outra plastificou sim o nariz, aproveitou e fez outros reparos.
A espera, por vezes, pode durar mais tempo que o programado.
Pode até mesmo causar urticária, brotoejas e um desejo incontrolável de fazer a pergunta:
“Plastificou, querida?”
Mesmo assim, Ela segura a onda e segue.
Toda se coçando, cheia de erupções cutâneas, mas firme na estratégia:
Curiosa sempre, indiscreta jamais!