Este é o título do pequeno grande livro do escritor e médico psiquiatra austríaco Viktor Frankl, uma obra primorosa, apresentada através de uma espécie de fragmento autobiográfico, fruto da sua vivência quando prisioneiro dos nazistas em um dos inúmeros Campo de Concentração, no holocausto da Segunda Guerra Mundial, tendo ali perdido seus pais, irmão e esposa, bem como alguns estimados amigos. É o autor da Logoterapia, versão da moderna análise existencial, que objetiva, dentre outras coisas, encontrar o real sentido das nossas vidas, principalmente ante os infortúnios que se nos apresentam no dia a dia.
O ilustre médico vienense experienciou momentos de extrema dificuldade nas mãos dos nazistas, sentindo, a todo momento, a sua vida se esvair, se acabar. Contudo, valendo-se das forças somente encontradas nos estoicos, buscava avaliar a tudo e a todos, sob vários ângulos, como forma de se extrair a sua lição. Tudo em nossa vida tem um porquê! Tudo vale a pena, se a Alma não é pequena, como dizia o grande poeta português Fernando Pessoa. As dores porque passara o eminente Dr. Frankl foram tão excruciantes que, segundo ele, não havia lugar na mente sequer para se pensar, por exemplo, em sexo. Se vendo assaz esfaimado, em razão da ínfima quantidade de “ração” diária, aliado ao trabalho extenuante, via-se sempre sem forças para a atividade braçal, obrigatória, a que era submetido com seus colegas prisioneiros. Assim, passou a valorizar, por demais, o pôr do sol – quando tinha a oportunidade de fazê-lo, no trajeto do local de trabalho ao dormitório -, apreciando, com simplicidade, também, a beleza das árvores situadas às margens do caminho que percorria até a frente de “trabalho”.
Diante do sofrimento a ele impingido, acompanhava a sua e a vida dos demais presos sempre ao talante daqueles que compunham a guarda suástica do ditador Adolf Hitler, líder do Partido Nazista, os quais, a todo momento, assassinavam, com tiro na cabeça, alguns prisioneiros “insurgentes”. Assim, o Dr. Frankl buscava dimensionar os limites da criatura humana, ante tais adversidades. Desejava, ardentemente, fruir um sono em uma cama confortável, semelhante a que dispunha em seu doce lar, ja que dormia sobre “beliches” de madeira. Anelava banhar-se no chuveiro da sua casa, pois ali onde se encontrava inexistia banho ou qualquer outra higiene pessoal, apresentando sempre o corpo fétido e a cabeça contaminada por piolhos e lêndeas. Evocava reminiscências de um passado glorioso, em que desfrutava da companhia da consorte, dos irmãos e dos pais, bem como dos amigos de outrora. E chorava copiosamente! Resiliente, apostava sempre na superação de tais desditas, esperando vencer as aziagas que a vida lhe reservara, para, um dia, quiçá, se ver livre de tudo aquilo que tanto apoquentava a sua mente. E venceu! Pois, num dado dia, eis que os portões do Campo de Concentração que o “abrigara” simplesmente se abriu, dali saindo tal qual a lagarta da crisálida, já na condição de borboleta, para voar!
Assim, somos todos nós! Diante dos momentos de infelicidade, pelos quais passamos – já que compõem as nossas vidas -, que sejamos resilientes, firmes nos nossos propósitos, na certeza de os superarmos, mesmo com todos os sofrimentos decorrentes, pois dia virá em que a luz voltará a brilhar, ficando, tão-somente, mais um aprendizado, concorrendo para o nosso amadurecimento na condição de Espíritos imortais que somos, nos fortalecendo e criando condições propiciatórias para um novo porvir! Tudo passa!