Em algumas situações tomamos certas atitudes simplesmente porque surge a necessidade.
Fazemos, a necessidade passa e esquecemos.
Quem faz esquece.
Quem recebe não.
Era mais um acampamento de fim de semana.
Nesse haveria alguns ingredientes que geralmente não existem.
Alguns requintes de felicidade: a presença de pessoas de outros clubes e a ausência de
barracas, fogão e outras coisas que tornam um acampamento mais confortável.
O que havia e o que não existia tudo era motivo para aumentar a expectativa.
Ao chegarem, quem já por elas esperava era um céu escuro e pronto a desaguar.
Montaram o abrigo rapidamente e se ajeitaram para dormir.
A chuva caiu.
Caiu e caiu com gosto.
No abrigo essas duas aí da fotografia e a retratista.
Não existia tecnologia para selfie.
Ao se ajeitarem para dormir a da direita e a retratista ficaram nas pontas e a outra ficou no meio.
Ficou no meio não por que tenha pedido.
Ficou no melhor lugar por que elas, Zana e Lane escolheram protege-la da chuva.
Escolherem mantê-la aquecida para que não adoecesse.
Asmática a criatura.
Uma noite inteira passando frio, quando o sol chegasse, ia encontrar uma doente.
O dia amanheceu e a primeira coisa que ouviu de quem ficou nas pontas foi:
“Passei tanto frio. Entrou água por aqui e me molhou.”
“Eu também passei frio. Pensei que essa noite nunca fosse acabar.”
E a que ficou no meio?
Bem, eu passei calor.
Não sei se elas ainda se lembram do que um dia fizeram.
Mas eu nunca esqueci que, numa noite, lá no milênio que se foi, minhas duas amigas passaram frio para que eu pudesse dormir seca.