Class,Plaft,Cablam, não sei exatamente qual foi o barulho que ouvi,só sei que não gostei, não parecia com um som de música, lembrou um pouco……o carimbador maluco do Raul,mas muito vagamente,também não tinha nada há ver com o barulho de uma flor caindo ao solo ou com o estalar de um beijo.
Nem de longe se assemelhou com o ruido do vento no balançar das folhas, nenhum som alegre se parecia com aquilo.
Confesso que não fiquei nem um pouco feliz,nem arreganhando os dentes,mas uma coisa eu aprendi ,barulho dói.
Descobri que barulho dói, doeu na alma,nos ouvidos,no coração e principalmente no bolso, ainda mais nessa crise que estamos passando, quando o dinheiro está cada vez mais curto.
Maldita hora em que dei marcha ré sem prestar atenção no obstáculo que tinha atras e o dito cujo era uma caçamba, uma baita duma caçambona amarela com adesivos refletivos, não sei porquê não a vi.
Ela estava lá na rua encostada no meio fio, como se estivesse me esperando,toda arranhada, cheia de hematomas e cicatrizes, como se me pedindo…..venha….bata em mim, judia dessa pobre coitada que só serve pras porcarias que ninguém mais quer, só sirvo pra me jogarem os restos de obra,exagero dela, pois ela se machucou muito menos que meu carro,meu lindo carrinho preto, novinho quase zero.
E lá vou eu gastar meu dinheirinho suado(nem sei quantos cabelos vou ter que cortar) tenho que comprar uma lanterna nova, um parachoque e gastar com funilaria e pintura .
Mas eu sei que esse é o preço que tem que se pagar pelo conforto de se ir onde quiser na hora que nos convém sem depender de ninguém, também é o pagamento pela nossa desatenção, por querer tudo muito rápido sem perda de tempo,a gente sempre se esquece daquele velho ditado …..quem tem pressa……….
A caçamba ficou lá com mais um amassadinho quase imperceptível e o meu carrinho novinho, bonitinho quase zero está aqui, lanterna quebrada e as marcas amarelas ,oh dó!