Viviam em um lugar onde a vida passava ao sabor do vento.
Todos como seres alados.
Não que fossem.
Apenas pensavam que eram.
Eternamente insatisfeitos, procurando, como o vento, um jeito diferente de se fazer mover.
Alguns itens tinham pouco.
O que tinham em abundância era azul.
Céu.
Mar.
Curiosidade e o vento.
Era tão natural procurar, pesquisar, inovar, fazer diferente que ninguém percebia a realidade.
Todos os dias, quando o sol se levantava para iluminar o que azul já estava, todos despertavam para procurar o novo.
E, assim, buscando, cada qual a seu modo, iam se apropriando, cada um a sua maneira.
Quando a propriedade tinham, mesmo não sendo plena, já começavam a distribuir.
O azul do céu, do mar, da curiosidade e do vento tornava a busca incessante sempre leve e feliz.
Tudo era tão natural e espontâneo que a realidade por eles não era notada.
Até que, um dia, o Forasteiro por ali passou.
Ficou por alguns dias e logo viu o que ninguém ali percebia:
“Por todos os lugares por onde andei esse é o povo mais poderoso que já conheci. Eles têm o azul, o céu, o mar, o vento e a maior de todas as riquezas: o conhecimento.”