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O desrespeito ao eleitor e a velha política do fisiologismo

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O desrespeito ao eleitor pela classe política é uma falta imoral reincidente, que precisa ser combatida.  É inadmissível que continuemos a assistir ao descaso do político eleito, que interrompe o mandato para prestar serviço no Executivo. Vejam, por exemplo, o governo interino de Michel Temer, inchado de parlamentares tal qual os demais governos.

Como eleitor, eu me sinto lesado ao votar em um candidato, que depois interrompe o mandato para trabalhar no Executivo. Trata-se de um expediente constitucional, é verdade, mas é antiético e imoral.  Ademais, assume um suplente que talvez não merecesse o meu voto.

Temos que moralizar o país. O desvio do exercício político macula a seriedade parlamentar e contribui para a corrupção política do fisiologismo espúrio tão candente na relação Governo e Parlamento. O político foi eleito para trabalhar no Legislativo, e o mínimo que se exige dele é o cumprimento integral de seu mandato, ou, então, que renuncie o mandato para prestar serviço alhures. O descumprimento de mandato representa uma das vertentes corruptas da política nacional.

O eleitor não pode continuar sendo tratado como peça descartável e que só é lembrado para eleger candidatos. O eleitor (o povo) é o principal agente da democracia e merece respeito, pois, sem o seu voto, no estado democrático, não existe Parlamento e nem Governo.

No Brasil, em diversas áreas profissionais, existem muitos cidadãos preparados. Por que esses cidadãos não são aproveitados para preencher as pastas governamentais, em vez de se alocar políticos em exercício de mandato?

A meritocracia deveria ser um lema na administração pública.  Pôr fim às indicações políticas para cargos nos governos é uma necessidade e caracteriza princípio de moralidade. Urge que tenhamos, no país, um serviço público apolítico, baseado no mérito, e que garanta serviços de qualidade sem favorecimento político.

O balcão de negócio espúrio, o fisiologismo canceroso do toma lá, dá cá, a distribuição de cargos a partidos políticos têm que acabar em nome da decência política. Essa prática perniciosa só tem contribuído para o descrédito dos partidos e comprometimento da imagem do Parlamento e do Executivo.  Vejam o caso recente do senador licenciado Romero Jucá (PMDB-RR), ministro do Planejamento do governo interino de Michel Temer, flagrado em conversa suspeita, em que sugere a existência de um pacto para obstruir a Lava-Jato.

O eleitor brasileiro deveria ser implacável com político que desrespeita o mandato.  Não entendo, francamente, a passividade do eleitor em ainda dar credibilidade a traidores políticos que fogem de suas obrigações. Em verdade, os nossos políticos estão mal-acostumados com a falta de cultura política e omissão dos cidadãos, que não cobram dos eleitos o cumprimento de mandato.

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