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Prudência na política é uma virtude

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Escrevo este artigo após ler o livro “Política da Prudência”, de Russell Kirk, publicado pela É Realizações, em edição especial pela comemoração dos 20 anos da obra. O livro me surpreendeu positivamente já de início, com a excelente apresentação do historiador, literato e intelectual, Alex Catharino, que puxa o leitor à vida e obra de Kirk, fazendo-o se sentir como um amigo do autor, ou no mínimo como alguém que participou da vida de Kirk, mesmo sem tê-lo conhecido.

A biografia, a obra, a vida, o modo de pensar kirkeano são perfeitamente apresentados por Catharino, o que me deixou muito mais à vontade para iniciar a leitura da obra em questão.

Também tenho que reconhecer o excelente trabalho da tradutora Márcia Xavier de Brito, que com certeza foi essencial para deixar a obra com linguagem clara, objetiva e permitir a correta inserção das notas explicativas pelos editores, bem como ajudar até o leitor mais desatento a compreender o exposto por Russell Kirk.

Em Política da Prudência, Kirk se propões a desenvolver e defender uma política prudencial conservadora, a qual se opõe às correntes ideológicas de ditos conservadores, neoconservadores e dos libertários. Nenhum grupo escapa às críticas e reflexões de Kirk.

No centro da defesa desta “nova política” conservadora, o autor reforça seis questões às quais os conservadores devem responder para enfrentar os problemas educacionais, morais, culturais e da centralização política e econômica, que promoveram desde o começo do século XX uma deterioração clara dos valores morais e sociais que servem de base para a manutenção da civilização ocidental.

O Mago de Mecosta (como Catharino chama ao autor) também trata de temas muito importantes como as políticas internacionais imprudentes, mantendo a coerência de seus posicionamentos anteriores (uma marca na vida e obra de Kirk, devo reconhecer), como as críticas à entrada dos Estados Unidos na Guerra do Vietña e intervenção nas questões do oriente.

A decadência da sociedade ocidental e os contínuos ataques aos valores da moral judaico-cristã, que historicamente a mantém civilizada e coesa, são tratados magistralmente em Política da Prudência. A luta pró-vida, liberdade e propriedade privada é “ressuscitada” com novo vigor e tratada pelas lentes conservadoras kirkeanas. Há também a reflexão sobre os dez princípios conservadores propostos por Kirk, que valem a pena conferir, independentemente de o leitor possuir ou não opiniões em possivelmente conflitantes, ou alinhadas as de Kirk.

Recomendo a leitura da presente obra, que é extremamente completa, pois além da excelente apresentação de Alex Catharino, temos uma magnífica introdução de Mark C. Henrie e ensaios de Bruce Frohen, Gerhart Niemeyer e Edward E. Ericson Jr, e possibilita a compreensão da visão kirkeana sob muitas questões que até os tempos atuais ainda preocupam e ocupam nossas mentes.

As notas explicativas ao final do livro e as notas de rodapé conseguem ser didáticas sem serem “chatas”, mais um reflexo do excelente trabalho de Alex Catharino, Márcia Xavier de Brito e do editor Edson Manoel de Oliveira Filho.

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