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Marcos Valério sob pressão

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Ao contrário do que disse a nova ministra da Cultura, a petista Marta Suplicy, em sua posse na última quinta-feira, Lula da Silva não é Deus. Tampouco santo. Movimentos recentes no tabuleiro de xadrez político e na imprensa estão revelando, inclusive, os dias infernais que aguardam o ex-presidente da República. Seu algoz é um carequinha, que anda revelando segredos e fazendo ameaças públicas. O plenário do Supremo Tribunal Federal é o palco das labaredas.

O publicitário e futuro presidiário Marcos Valério, já condenado pela mais alta Corte brasileira por diversos crimes financeiros relacionados aos babilônicos roubos do esquema do Mensalão, tem dito aos mais chegados que não volta pra cadeira sob nenhuma circunstância. Prefere a morte. Extremado em seus medos, partiu de Marcos Valério o anúncio de xeque-mate a Lula da Silva.

Diante das condenações supremas, Valério faz um remake do personagem vivido com maestria pelo ex-deputado Roberto Jefferson em 2005. Sob pressão do xilindró, concedeu uma entrevista reveladora à revista Veja, que chegou às bancas no último final de semana, afirmando que Lula era o grande chefe da quadrilha que saqueava o Estado e comprava parlamentares vagabundos. Estrategicamente, passou a negar tal entrevista, temendo uma queima de arquivo. Prefere rememorar em cena o personagem de Jefferson e não o do prefeito Celso Daniel, assassinado em janeiro de 2002.

Tão logo a Veja chegou às bancas, e por imediato repercutiu nas redes sociais, nenhum grande nome do PT tentou desmentir ou atacar a publicação. Sabem que Marcos Valério está numa panela de pressão e pode explodir. Mas a militância petista tratou de desqualificar o principal veículo do Grupo Abril, tão chamuscado pelo envolvimento direto de suas editorias com bicheiro Carlinhos Cachoeira, revelado pela CPMI em curso no Congresso Nacional. O próprio advogado do publicitário, que não sabia da entrevista concedida, passou de negá-la com veemência em nome do cliente. Antes que a história caia no abismo do disse-que-disse, a direção da revista segue reunida decidindo se divulga ou não a gravação em vídeo da entrevista que o repórter Rodrigo Rangel fez com Marcos Valério em Belo Horizonte na semana passada, rompendo um acordo firmado com o entrevistado.

Como cereja do bolo infernal e, talvez, para garantir que não seja vítima de uma sumária queima de arquivo, nesta segunda-feira, Valério fez chegar a um colunista de O Globo a informação de que teria várias cópias de um vídeo que comprometeria direta e exclusivamente Lula da Silva. O ex-presidente, inclusive, já teria visto essa gravação, entregue, ainda no segundo semestre de 2005, a um emissário especialíssimo: o então presidente do Sebrae, Paulo Okamotto, que se notabilizou por ser uma espécie de “tesoureiro informal” da família Lula e pelas acusações de ter utilizado dinheiro público para pagar dívidas pessoais de Luiz Inácio e da primeira-dama. À revista Veja, Marcos Valério afirmou que a alta cúpula do PT escalara Okamotto para “acalmá-lo” naqueles dias esclarecedores do Mensalão e da CPI dos Correios.

Numa espécie de terrorismo midiático, o colunista de O Globo tratou de cumprir sua missão oficial de porta-voz do publicitário carequinha mineiro, como diria Roberto Jefferson. Revelou em seu blog que Marcos Valério teria quatro cópias dessa gravação que, já “na ausência de um governo a ser deposto, o vídeo destruiria reputações aclamadas e jogaria uma tonelada de lama na Era Lula”, diz o colunista, concluindo em tom ameaçador: “Lama que petrifica rapidinho”. Uma teria sido entregue a Paulo Okamotto e outras três cópias estariam em cofres bancários, de onde devem ser sacadas por Renilda (esposa de Valério) caso ele seja morto ou desapareça e remetidas imediatamente aos jornais Folha de S. Paulo, Estadão e O Globo.

Tudo isso acontece em momento delicado, quando o Supremo Tribunal Federal começa a julgar o núcleo político do Mensalão, podendo, definitivamente, soterrar as teses esquizoides de Lula da Silva, chancelar a existência de um monumental esquema de corrupção no governo do ex-paladino da ética e da moralidade e levar à cadeia seus diletos companheiros da alta cúpula do PT. À véspera de uma eleição onde os candidatos petistas estão prejudicados em quase todo país, o último final de semana só faz entornar o caldeirão fervilhante. Ao que tudo indica Marcos Valério já se posicionou: sob pressão, abrirá o bico, o cofre e tudo mais que possa detonar explosões. O inferno lulo-petista se aproxima.

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