Só gostaria de saber por que muita gente e na maioria delas os poetas, gostam de fazer a comparação das folhas das árvores no outono com o fim da vida, de um amor, de qualquer coisa. É claro que neste exato momento alguém deve estar pensando, “é porque no outono elas morrem rapaz!”. É mesmo, é?
Pois bem! Então vou tentar convencer você a pensar diferente. Se vou conseguir não sei, mas pelo menos, vou tentar.
Se no inverno as árvores gostam de sofrer com o frio e se despem de qualquer vestimenta, umas parecendo anoréxicas de tantos galhos secos, outras obesas mórbidas de tronco e galhos robustos, na primavera começam a soltar novos brotos, novas folhas, tão tênues e de um verde tão inocente, que me fazem lembrar a saída da puberdade com os primeiros e secretos versos de amor.
Já no verão o verde se torna mais forte, escuro, consistente, cheio de clorofila e charme, como se chamando ao romance e a paixão. Mas é no outono que demonstram toda sua beleza, suavidade e vida.
Jamais vou esquecer, por exemplo, o caquizeiro que havia na entrada da casa de minha mãe, e que todos os anos no outono, se vestia de folhas coloridas, verdes, amarelas, laranjas, vermelhas, marrons… Como se em um autêntico festival de vida!
Cômico pensar que passava o ano inteiro pela árvore e não notava sua presença. Só no outono! Quando então até colecionava algumas de suas folhas coloridas!
Assim como ele, muitas outras estão por aí iniciando a coloração de suas folhas.
Tenho certeza de que se você prestasse um pouco mais de atenção, quem sabe conforme sua idade, até poderia notar algumas folhas coloridas em seus galhos.
Eu tenho. Você não? Então espere, que as suas ainda virão, mas, por favor… Não deixe que morram antes de se encherem das cores da vida.