“A palestra com o engenheiro agrônomo Sândolo Paim abordou os valores e as práticas que garantem o sucesso de uma organização cooperativa e apresentou editais governamentais e programas públicos de fomento no Estado da Bahia.”
Por ASCOM/SOLIDARIDAD
No último dia 18 de agosto aconteceu no auditório da Câmara Municipal de Vereadores de Iuiú uma palestra com o engenheiro agrônomo, credenciado pelo Sebrae, Sândolo Paim. O evento teve como objetivo levar os produtores de algodão a conhecer e a praticar os valores associativistas, bem como a compreender a importância da cooperação e da confiança nos processos de organização de um empreendimento cooperativo.
O público reuniu produtores de Iuiú e de Malhada (BA), que também foram informados sobre editais governamentais e programas de governo existentes no Estado e que visam ao fomento da agricultura familiar. Charles Pereira de Souza, 27 anos, produtor rural do município de Malhada, por exemplo, relatou ter entendido a necessidade de buscar informações eficazes para produzir com mais qualidade e a atingir melhores desempenhos, por meio da cooperação com outros produtores.
Para o produtor rural Lucas Nunes de Souza, 27 anos, esse primeiro encontro “chegou em boa hora, já que trouxe a proposta de conscientizar os produtores sobre a necessidade de se organizarem, buscar a informação correta para trabalhar, ter atitude e seguir em busca de resultados que promovam o crescimento e o desenvolvimento do negócio.”
“Este primeiro encontro de formação foi de fundamental importância para o município, já que os produtores puderam receber informações básicas sobre a importância do cooperativismo e associativismo. Acredito que esse conhecimento irá resultar no crescimento e desenvolvimento do negócio de cada produtor, além do fortalecimento da agricultura familiar como um todo”, declarou Reinaldo Góes, prefeito de Iuiú. Góes lembrou ainda que o município possui várias associações e quer a participação de todos em busca do conhecimento para obter melhores resultados.
Segundo o palestrante, Sândolo Paim, o princípio de tudo é a gestão. “Os produtores precisam começar a se organizar, ter atitude e rotinas administrativas para estruturar suas entidades”. Paim mencionou a existência de um número efetivo de associações e cooperativas já implantadas na região, com resultados concretos na rotina dos produtores associados. E contou que tais entidades já entraram no mercado e possuem acesso às políticas públicas e capacitação técnica para operarem suas atividades.
Associativismo como prática
Com foco no desenvolvimento de competências associativistas, o Sebrae desenvolve um trabalho por meio de redes dirigidas aos produtores e que atuam em cooperação. “Ao todo são 4 módulos, sendo o primeiro o despertar para o cooperativismo, onde cada participante entende a prática de valores associativistas, as vantagens e os desafios da cooperação, compreende a importância de sua participação para a geração de confiança e aprendizado nos processos de organização de um empreendimento coletivo”, destacou Paim.
Sobre parceria Solidaridad e Sebrae A Solidaridad firmou parceria com o Sebrae (escritório regional de Guanambi-BA), visando à capacitação de produtores rurais, que trabalham na agricultura familiar. O Sebrae possui um programa voltado para o pequeno produtor rural, com objetivo de levar informação e tecnologia por meio de palestras, troca de experiências e orientações básicas que facilitam o acesso ao mercado, estreitando o relacionamento entre produtor rural, associações e cooperativas, e empresas compradoras de algodão. |
Para Ridson Sales, gestor do escritório regional do Sebrae em Guanambi, “unir forças é sempre um bom caminho para encontrar soluções. Por isso, estamos apostando nessa parceria com a Fundação Solidaridad através do projeto Tecendo Valor, para levar conhecimento, qualificação e competitividade aos produtores rurais do Vale do Iuiú.”
Na ocasião, Reinaldo Goés (prefeito de Iuiú) lembrou o fato de que algodão no Vale do Iuiú já alcançou uma produção de até 300 mil hectares na década 1980, porém de forma desorganizada e com o uso excessivo agroquímicos. “Como consequência, a alta prosperidade da época foi de pouca duração. Mas, a Fundação Solidaridad chegou com a proposta de produzir com responsabilidade, a partir do uso de tecnologia e assistência técnica especializada (do preparo até a colheita). Essa parceria veio para fortalecer e terá total apoio da gestão do município”, se comprometeu.
Para o representante da Solidaridad, Harry van der Vliet, o desafio central da cotonicultura familiar na região do Vale do Iuiú se encontra na pouca cooperação entre os produtores, o que se vê refletido no resultado financeiro da atividade local. “Percebemos um comportamento individualista dos produtores em geral. Desde a aquisição dos insumos necessários para a lavoura, passando pela assistência técnica, beneficiamento do algodão, comercialização. Além da tradicional figura do faisqueiro – que vai até o produtor efetuar a compra do produto com valor inferior ao praticado no comércio regular do algodão em outras regiões. Assim, muitas vezes, compram-se insumos com valores 70% superiores, do que se fosse realizada uma compra coletiva. Em relação a venda, o valor é ainda mais gritante: os produtores do projeto Tecendo Valor em Minas Gerais chegaram a vender a R$ 55,00. Já em Iuiú, o valor cai para R$40 a R$42 a arroba de algodão em caroço”, explicou.
O evento contou com a participação de produtores rurais dos municípios de Iuiú e de Malhada (BA). Também estiveram presentes o presidente da Câmara Municipal vereador Sebastião da Silva, o vereador Reinaldo Sales, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais Josafá Ferreira dos Santos e o presidente da cooperativa de produtores de Canabrava (distrito de Malhada) Aurelizo Costa de Jesus.
Sobre o programa Tecendo Valor
Presente em 37 países, a Fundação Solidaridad desenvolve cadeias de produção sustentáveis em parceria com produtores, comerciantes, empresas e consumidores. Sua missão é reunir atores da cadeia de suprimentos e engajá-los em soluções inovadoras para melhorar a produção, garantindo a transição para uma economia sustentável e inclusiva.
Para isso, a organização trabalha em 13 cadeias de fornecimento de commodities, sendo uma delas a de algodão. Nesta frente, conta com uma parceria com o Instituto C&A no Brasil para o desenvolvimento do programa Tecendo Valor, que inclui diversas modalidades de formação para os produtores: da gestão de negócios até o acesso a técnicas de irrigação suplementar e de conservação do solo para locais de pouca chuva. Uma das principais metas do programa diz respeito ao fortalecimento das cooperativas de produtores e de seus gestores.
O programa busca contribuir com o desenvolvimento socioeconômico da região abrangida, assim como o empoderamento de produtores familiares de algodão do Sudoeste da Bahia e na região de Catuti, em Minas Gerais.