Depois de descobrir que era soropositivo, em julho deste ano, jovem apresentador de TV do Maranhão transformou a história dele em luta pela vida. Passou a viajar pelo país levando informação e discussão sobre o assunto
Uma história de como um exame pode transformar uma vida. Francisco Garcia, mais conhecido como “tio Francisco”, de 27 anos, está entre as 866 mil pessoas que vivem com HIV no Brasil. O jornalista, da cidade de Balsas, interior do Maranhão, descobriu a sorologia em julho deste ano. Febre, manchas na pele e perda de peso repentina, foram alguns sintomas que fizeram o jovem realizar uma bateria de exames. O resultado do diagnóstico de HIV positivo veio acompanhado do medo e da insegurança, já que para ele, o vírus e a aids estavam imediatamente relacionadas com a morte.
“Estava sentindo alguns sintomas como febre, perda de peso, dor de garganta, machas na pele, foi quando eu decidi fazer uma bateria de exames. E, dentro dos exames, estava o de HIV. Receber o diagnóstico não é fácil, porque é praticamente uma sentença de morte, já que o que eu ouvia sobre HIV/aids é que matava. Eu tive meu momento de luto e de desespero, mas aí eu decidi estudar sobre o assunto, foi quando, por meio do conhecimento, eu perdi o medo de morrer, e não só isso eu decidi transformar o meu diagnóstico em ação social.”
Francisco fez do limão uma limonada. O jornalista apresentava um programa em uma emissora de televisão do Maranhão e estava no começo da vida como digital influencer, quando, então, decidiu divulgar o diagnóstico para os mais de 200 mil seguidores nas redes sociais. O resultado foi surpreendente, e em menos de um mês, a vida de Francisco mudou, literalmente, de rota. Pediu demissão do emprego, adesivou o carro e escolheu viajar pelas estradas do Brasil, para palestrar sobre superação, prevenção e preconceito do HIV/aids.
“Com o momento de desespero, eu percebi que, com a informação, esse medo tinha passado, e aí eu pensei da seguinte forma: se eu conseguir levar, com as informações que eu tive, mais conhecimento para mais pessoas, eu vou conseguir fazer com que o preconceito diminua, porque descruzar os braços e ser a mudança nesse mundo que a gente quer que tanto mude faz a diferença, e esse fazer a diferença me motivou a pegar meu carro e sair falando com as pessoas sobre prevenção, preconceito e como consegui superar tudo isso.”
O projeto conhecido como: “Tio Francisco Pela Estrada” já passou por mais de 60 cidades brasileiras, entre escolas, igrejas e presídios. Todo o custo é financiado por parceiros que decidem contratar Francisco para palestras e eventos sobre HIV/aids. Ele, que é formado em comunicação, há cinco meses transformou a experiência pessoal em um novo volante para trilhar novos caminhos.
“Muitas pessoas me procuram para dizer que iam cometer suicídio, mas que graças à minha história, elas tiveram forças de vontade para continuar. Outras pessoas que assistiram a palestras tiveram coragem para fazer o exame, e deu positivo, mas decidiram se cuidar. Diariamente recebo relatos de pessoas que dizem que, depois que conheceram a minha história, tentam superar o vírus e seguir adiante com uma autoestima e aceitação bem melhor.”
Francisco ainda tem muito chão para percorrer pelas estradas do Brasil a fim de alertar sobre a importância da prevenção. Os projetos para 2019 vão sair do papel para iniciarem uma nova viagem. E o destino final, que para ele é um mundo sem preconceito, ainda está bem longe de chegar. Mas, como em toda estrada, o jornalista para em um pequeno posto de gasolina para abastecer não só o carro, como também o amor que move o motor do seu coração.
“É muito importante que as pessoas percam esse medo de fazer o exame, para viver bem, de forma melhor e se prevenir. E a mensagem que eu deixo é isso: a gente precisa de mais amor, menos julgamento e mais prevenção.”