O Brasil está de luto. Uma nação tomada pela lama de uma empresa especialista em exploração e em assassinatos. Ainda não sabemos exatamente a quantidade de mortos, feridos e o impacto social e ambiental decorrente do rompimento da barragem da mina do feijão, em Brumadinho-MG, pertencente à empresa Vale. Só sabemos que é uma tragédia humanitária superior à de Mariana-MG, ocorrida há pouco mais de 03 anos e igualmente provocada pela Vale. E sabemos também que só ocorreu graças à busca incessante por lucro e pelo descaso do poder público.
A Vale não aprendeu com o crime humanitário/ambiental cometido em Mariana. Tampouco o governo. De lá pra cá o que tivemos foram mais concessões da exploração de recursos naturais à iniciativa privada, afrouxamento na fiscalização dos danos ambientais, perdão de multas a danos provocados no passado e apropriação do lucro nas mãos de poucos em detrimento dos severos impactos sociais decorrente deste tipo de atividade.
Assim como Brumadinho, em Brumado-BA existe há décadas a exploração de diversos tipos de recursos naturais, em especial a Magnesita, explorada por empresas como a RHI Magnesita, Ibar Nordeste e Xilolite. Desde o início da exploração a população convive com os impactos ambientais dessa atividade, em especial os moradores da Vila Presidente Vargas e do povoado da Lagoa Funda. Apesar disso, o povo brumadense conhece muito pouco a respeito do que fazem essas empresas privadas e eventuais riscos para o Munícipio.
Os questionamentos que fazemos aos órgãos públicos do Munícipio, em especial à Prefeitura, são:
– Corremos o risco de termos em Brumado uma tragédia como a que ocorreu em Brumadinho?
– Quais são os impactos ambientais e sociais decorrentes da exploração mineral em Brumado?
– Existem estudos sobre os efeitos da exploração dos minérios na saúde do povo de Brumado?
– Os lucros da exploração mineral em Brumado ficam exclusivamente com as empresas ou o Munícipio arrecada royalties? O que se faz com o dinheiro decorrente da exploração?
Certamente que existem outras questões relacionadas à exploração de minérios em Brumado. Mas o que há de mais urgente e que o povo de Brumado clama aos órgãos públicos nada mais nada menos é a transparência quanto aos impactos sociais e ambientais e se realmente há segurança para o povo de Brumado e região.
VALE a pena tanto sangue derramado em nome da acumulação desenfreada de lucros? É preciso que se investigue o que causou o rompimento e quem são os reponsáveis e suas devidas punições. Além disso, faz-se urgente que a sociedade, as empresas e o poder público debatam o modelo de mineração do país (baseado na exploração desenfreada voltada para a exportação, com apropriação dos lucros nas mãos de poucas empresas) e a necessária soberania nacional e popular sobre esse setor estratégico do PIB.
Não queremos em terras brumadenses empresas que assassinem o nosso povo e enlameiem nosso já sofrido sertão!