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Insônia na infância pode ser sintoma de TDAH

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56% das crianças e adolescentes diagnosticados com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) apresentam problemas de sono

 

Por Carol Martins

 

São Paulo, 13 de março de 2019 – No próximo dia 15 de março é o Dia Mundial do Sono. A data serve para alertar a população sobre a importância do descanso para uma boa saúde física e emocional. O sono é importante para qualquer pessoa, mas dormir bem é ainda mais essencial para crianças e adolescentes com diagnóstico de TDAH.

Segundo a neuropsicóloga Thaís Quaranta, Coordenadora do Curso de Pós-Graduação de Psicopatologia da Infância e Adolescência da APAE-SP, a insônia infantil é um sintoma muito importante e os pais precisam procurar ajuda assim que perceberem que a criança ou o adolescente está enfrentando dificuldades para dormir ou até mesmo para a acordar.

“É muito típico nos pacientes com TDAH as dificuldades com o sono. Os distúrbios do sono se apresentam de diferentes formas. Muitas crianças não conseguem entrar em relaxamento para iniciar o sono devido à hiperatividade ou à agitação. Outras não dormem bem e acabam sofrendo muito para acordar, principalmente muito cedo. A sensação de acordar cansado é relatada pela maioria dos pacientes com TDAH”, ressalta Thaís.

Falta de sono aumenta estresse familiar
Além dos danos para a saúde física e mental das crianças e adolescentes que dormem mal, no caso específico do TDAH, há ainda um outro aspecto. “Muitos pais chegam ao consultório com níveis altos de estresse, pois precisam lidar com todas as dificuldades da condição, além da questão do sono. O maior desafio dos pais é tirar a criança cedo da cama”, comenta a neuropsicóloga.

E não é só a família que sofre. A privação do sono de forma contínua aumenta a irritabilidade, a impulsividade e, claro, a desatenção.“O sono é primordial para a memória, para o processo de aprendizagem, para a retenção das informações e para a concentração. Portanto, quando há problemas para dormir é preciso de uma intervenção tanto medicamentosa, quanto mudanças de comportamentos e hábitos de toda a família”, reforça Thaís.

Afinal, qual a relação do sono com o TDAH?
Há diversas hipóteses e estudos que mostram que as alterações nos neurotransmissores, como a dopamina e noradrenalina, assim como as alterações no córtex pré-frontal, são encontradas em pacientes com TDAH, assim como em determinados distúrbios do sono.

“Isso nos leva a acreditar cada vez mais que há uma ligação muito estreita entre a insônia e o TDAH, embora os distúrbios do sono não sejam critério para o diagnóstico do TDAH”, explica Thaís.

As evidências científicas mostram que há algumas características em comum nas crianças com TDAH em relação ao sono. “Há um comprometimento global da eficácia do sono e a duração é menor. Ou seja, crianças e adolescentes com TDAH dormem menos e têm dificuldades para iniciar o processo de dormir, o que chamamos de latência do sono”, comenta a especialista.

Também há aumento da atividade motora e redução da fase REM do sono. Por fim, estudos realizados por meio da eletroencefalografia apontam que há alterações perceptíveis na macroestrutura do sono, com maior número de despertares noturnos, dificuldades para acordar pela manhã e insônia durante a noite.

O que fazer?
O diagnóstico do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) só pode ser fechado quando a criança completa seis anos de idade. Antes disso, é possível avaliar possíveis traços da condição.

“A insônia é um importante sintoma e deve ser investigado, independente da suspeita ou não de TDAH, tanto em crianças, quanto em adolescentes. Isto porque é preciso reforçar que os distúrbios do sono também podem estar associados a outros diagnósticos, como depressão, epilepsia, autismo. Assim, crianças que não dormem ou apresentam alterações importantes no sono precisam ser avaliadas precocemente”, encerra Thaís.

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