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Os novos inimigos únicos

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Em seu excelente tratado de propaganda política, Jean-Marie Domenach ensinou aos modernos propagandistas de construção de imagem de projetos políticos de indivíduos, grupos ou forças políticas, exatamente o que foi feito na Alemanha hitlerista quando Goebbels e Hiltler escolheram como matéria de sua propaganda um inimigo único, que foi o povo judeu.

Simplificaram seu projeto de poder nazista em apenas poucos ataques direcionados a criação do ódio coletivo contra apenas um povo. Ou seja, como não havia premissas suficientes para convencer com suas idéias de que seu projeto era capaz de alavancar a nação alemã, colocaram em prática a idéia simples de que existia um inimigo comum aos alemães, que deveria ser combatido e destruído na sociedade alemã.

Essa técnica foi muito utilizada em tempos recentes para que as atuais forças políticas que governam a nação brasileira chegassem ao poder. O inimigo único a ser combatido por todos, o bode expiatório fedorento da sala, que estava emperrando a sociedade brasileira era o PT. O PT passou a ser odiado até mesmo por gente que sabe que quem chegou ao poder é mais sujo e fedorento do que chiqueiro. Aves de rapina e corruptos notórios conseguiram convencer a classe média do país que o inimigo único da sociedade brasileira era o PT.

Como essa narrativa está caindo por terra, do mesmo modo que o discurso contra os judeus da Alemanha hitlerista também caiu por terra com o tempo, agora querem inventar outro inimigo único na sociedade brasileira para manter em suspense a mesma classe média formadora de opinião, que mesmo inteligente continua acreditando nos bárbaros que não são tão inteligentes assim como ela.

O inimigo a ser combatido na sociedade brasileira para o bolsonarismo é o professor. O Presidente da República, o ministro da Educação e seu lacaios de plantão não fazem outra coisa senão tentar imprimir a marca do professor como o inimigo único a ser destruído, porque segundo a narrativa oficial eles são doutrinadores políticos, adeptos do tal marxismo cultural.

O que é mais impressionante de tudo isso é que a grande maioria dos professores brasileiros não se interessa por política, não vota em candidatos que se colocam como seus representantes nas urnas, não é militante de partidos políticos, só participa de manifestações ou mobilizações quando se trata de rever salários ou benefícios trabalhistas, mas é considerada como o grande mal da sociedade brasileira. Trata-se então da mais descarada utilização da fatídica técnica ensinada por Domenach, que especialistas em construção de imagem política de quem não tem conteúdo sabe muito bem como funciona.

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