Por Ascom Uesb
A Uesb e o Quilombo de Thiagos, comunidade localizada na zona rural de Ribeirão do Largo, firmaram parceria para a realização de atividades integrativas, com objetivo de partilhar saberes tradicionais e acadêmicos. A aproximação foi iniciada em maio, quando uma equipe da Uesb foi até a comunidade para ouvir os anseios dos quilombolas e, assim, planejarem juntos o decorrer das atividades.
Em junho, a comunidade foi ao campus da Uesb, em Itapetinga, para conhecer os laboratórios e a estrutura de cursos que poderiam ser desenvolvidos no quilombo. Dessa forma, a Coordenação de Extensão, Cultura e Esporte do campus, representada pelo docente Luciano Lima, e a comunidade quilombola iniciaram o planejamento de ações com caráter interdisciplinar. “Estamos cumprindo nosso papel de dialogar com as comunidades tradicionais e retornar nosso conhecimento para a sociedade”, afirmou o coordenador.
As primeiras atividades práticas ocorreram dia 5 de setembro, quando docentes e discentes foram até o quilombo. Neste dia, ocorreram três ações: o setor de avicultura, coordenado pelo professor Ronaldo Vasconcelos, explicou sobre as raças de aves com material genético pesquisado na universidade. “Nós trabalhamos com raças nativas; a proposta sugerida por nós é trazer algumas dessas raças e desenvolver um produto com maior valor agregado, que contemple a nossa cultura e história”, afirmou o docente. Segundo ele, futuramente, caso a comunidade opte pela criação de aves caipiras, pode-se aspirar a criação de um selo que certifique o Quilombo de Thiagos como produtor dessas aves.
Além do setor de avicultura, o departamento de apicultura, representado pela professora Iara Callegaro, também iniciou suas atividades. Conforme explicou a docente, o quilombo localiza-se em uma região mais fria, por isso é preciso, primeiro, identificar as espécies de abelhas nativas e florada das plantas. Para ela, esse é o momento de trocar informações com a comunidade, pois eles já estão produzindo mel. A professora ainda ressaltou que preservar a biodiversidade é valorizar a cultura local e a apicultura é fundamental na preservação ambiental.
Alexandre Silva Lima, morador do Quilombo, observou que, após a parceria, a comunidade está com uma nova perspectiva: “esse trabalho conjunto nos traz muito otimismo; é uma forma também de mostrar que não estamos isolados. Estamos ativos na região”. Rose Mary Pereira, moradora da comunidade, contou que o Quilombo já existe há mais de 100 anos e seu nome é em homenagem ao primeiro morador do local. “Atualmente, moram 40 famílias – todos descendentes de Thiago – aqui no quilombo, o que representa cerca de 100 pessoas. Plantamos feijão, mandioca, frutas etc”, disse a moradora, que ainda citou a presença de uma escola municipal para atender as crianças da comunidade.
Com o intuito de interagir com as crianças, a docente Letícia Azevedo, junto a Ludoteca, desenvolveu atividades lúdicas durante todo o dia para os alunos. Segundo ela, nesta fase, é necessário ter esse cuidado pedagógico que realmente assegure esse estar na infância. As atividades da Ludoteca são livres, mas monitoradas, já que o objetivo é deixar a criança livre para brincar. A contação de histórias, conforme explicou a docente, tem o papel de ativar o poder criativo da criança.
Outras atividades já estão programadas para o mês de outubro, como higienização de alimentos, com a professora de engenharia de alimentos, Cristiane Patrícia de Oliveira. O projeto está sendo conduzido pela Coordenação de Extensão, Cultura e Esporte, do campus de Itapetinga, que possui em seu planejamento algumas atividades de caráter permanente e outras pontuais.