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Para o Natal dos presépios

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Aos poucos vamos perdendo nossas tradições e o sentindo original de nossas crenças e valores mais verdadeiros. Até bem pouco tempo, Minas Gerais vivia em suas cidades e povoados o Natal dos presépios. Dentro das casas, das igrejas, dos centros comunitários, ele sempre estava lá e muitos traziam oferendas para a ele decorar. Os presépios eram construídos e movidos pelo mesmo espírito que São Francisco de Assis criou, no século XIII, o primeiro presépio: reverenciar e adorar a vinda do Menino Jesus. E muitos doavam parte de suas casas para a construção de presépios, para algo maior, comunitário, uma obra de todos. E como os Três Reis Magos, todos vinham trazer suas oferendas ao Jesus Cristinho.

Era feito de coisas simples, por pessoas simples, que ainda assim faziam lindas obras, que encantavam e tocavam os corações daqueles que ainda acreditam nas coisas deste mundo. Era a manifestação de uma tradição. Estavam lá, no interior de Minas, como um centro armazenador da devoção humana. O Natal dos presépios é um Natal que remonta a um cenário cristão, de doação, fé e reverência. Contrário ao Natal do Papai Noel.

O Papai Noel é uma personagem criada pela Coca-Cola em 1931, por isso traz suas cores encarnadas, o vermelho e o branco. É um agente descristianizador, patrocinado em todo mundo para apagar a verdadeira imagem do aniversariante do dia: o Menino Jesus. Jesus veio ao mundo como o Filho do Pai, em forma de criança. O Papai Noel diz ser o papai de todas as crianças, mas tem as suas preferidas. Meu Deus, onde essa figura foi colocada.

Sua barriga sugere a gula; o saco cheio, a esnobação; e a sua risada ironiza àqueles que não podem ser seus escolhidos. É uma fraude ao verdadeiro espírito natalino. Cristo nasceu enquanto seus pais viajavam em lombo de mula, quase um refugiado, mesmo assim entrou na casa de todos. Papai Noel viaja em um lindo trenó puxado por renas e visita a casa de poucos, muito poucos.

Falar que Papai Noel é uma alusão a São Nicolau é uma grande heresia. São Nicolau era um santo homem, nasceu em 270 e morreu em 342, aos 71 anos. “Fez o bem, sem olhar a quem”. Fundou orfanatos, saciou a fome dos pobres, protegeu marinheiros, ladrões e mendigos. Viveu sob a égide da caridade. Foi perseguido e preso pelos Romanos. Por seu amor ao seu semelhante, tornou-se Santo.

Papai Noel foi criado e financiado por uma empresa multinacional, vive no polo-Norte, distante de todas as crianças do mundo e no Natal sai presenteando àqueles que podem comprar sua visita. Não tem pai, mãe, filhos ou amigos. Não posso acreditar nele! É, no máximo, uma paródia de muito mau gosto do nosso santo protetor.

Enquanto escrevo este texto, acredito que em alguma casa mineira um presépio tenha recebido uma nova oferta, uma oferenda. Talvez um anjinho de barro, uma pedrinha reluzente, ou quem sabe até um Menino Jesus de madeira. Como estou cá, distante dele, deposito nele este texto, esta oferenda da fé humana ao Menino Jesus, ao Jesus Cristinho – tão lindo, tão menino e tão amado… Que Deus abençoe o verdadeiro Natal, o Natal dos presépios e todo aquele que compartilha o Natal por dentro e por fora, o Natal do criador, do nascimento à manjedoura, o Natal natalino, sem outras palavras.

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