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Leitura Imortal

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Wilson Gelbcke, um dos membros mais ilustres do Grupo Literário A ILHA, a  agremiação literária mais perene do genero, nos deixou, recentemente: foi fazer prosa e poesia com Júlio Queiroz, Quintana, Coralina. Um grande romancista, um grande escritor da literatura produzida em nosso Estado, é um dos mais importantes representantes da literatura catarinense e brasileira.

   Produziu obras importantes dentro do gênero romance, como “A Máscara de Capelle”, seu primeiro romance, publicado em 1997, e desde então não parou mais. Em seguida veio “Vindita do Historiador”, um romance à altura de um Don Brown, “A terceira Moeda” e “Ás de Ouros”. Mas não foi só este gênero que o grande escritor praticou. Ele produziu infanto-juvenis, contos, poemas e biografias. Foi autor premiado e muitos outros prêmios lhe seriam concedidos, se todos os seus livros tivessem sido publicados por editoras de âmbito nacional.

   Gelbcke nasceu em São Paulo, em 1933, mas viveu grande parte de sua vida em Santa Catarina e produziu sua literatura aqui, depois que aposentou-se. Era um escritor ativo,  dinâmico e versátil, produzia constantemente e prestigiava os seus pares sempre que havia algum acontecimento literário ou cultural. Estava sempre presente às feiras do livro da região e nos encontros de escritores e lançamentos de livros. Era presença marcante em eventos que reuniam artistas e escritores e uma pessoa querida e respeitada por todos.

    Ele nos deixou em quatro de dezembro de 2019, aos 86 anos. Uma grande perda para a literatura brasileira e lusófona. Mas ele deixa a sua obra, 17 livros que o tornam imortal para todos os seus leitores e admiradores  e todos aqueles que amam literatura e que recriarão a sua lavra, ao lê-la. Um dos grandes escritores que já tivemos e continuaremos tendo, pois a sua obra é imortal.

    “Eu acho que vou lutar  para as pessoas saberem que devem gostar de ler”, disse Gelbcke. E ele fez isso: fez palestras, foi à escolas, distribuiu livros, escreveu – e muito bem – e foi lido. Sua marca, sua obra, jamais vai se apagar. Não é por acaso que ele é um dos imortais da Academia Joinvillense de Letras.

E lutou, escreveu muito, escreveu para leitores em formação, sempre tendo em foco a sua determinação de difundir a leitura, de incentivar o hábito de ler. Além de ser um excelente  contador de histórias, Wilson Gelbcke era também pintor, o que permitia que fosse também o autor das ilustrações de alguns de seus livros e enriquecia ainda mais a qualidade do texto. Como artista plástico, que pintava e desenhava muito bem, a sua ilustração favorecia a narrativa, já que ela  estava muito mais integrada à história do que se fosse feita por outra pessoa. E um livro de grande qualidade com esmerada apresentação, atrai as crianças e faz novos leitores.

Wilson Gelbcke escrevia histórias como se escrevia antigamente. “A história tem de ter algo de bom, de bem. Tenho de sentir que tem uma razão nas minhas histórias”. E ele  não abdicou, jamais, do prazer de escrever. “Nada vai substituir o livro. Ele tem essa vantagem: não morre.”, dizia. E tinha razão. Sua literatura permanecerá para sempre.

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