O filósofo Sócrates já dizia “conhece-te a ti mesmo”. É um princípio interessante conhecer-se. No nosso tempo as pessoas se conhecem pouco, estão longe de si mesmas. Nós poderíamos pensar assim: o que adianta ir à lua se não conseguimos vencer o abismo que nos separa de nós mesmos. Conhecer a nós mesmos é a mais importante das viagens, mais do que chegar à lua. Sem conhecer a nós mesmos, as outras pessoas são todas inúteis, quando não destrutivas. Um escritor chamado Tomas Merton formulou essa advertência logo depois que a primeira descida de um homem na lua fascinou o mundo e tornou quase sem limites a fantasia sobre utopias técnicas otimistas. Depois do homem ter chegado na lua e pisado na lua, esse escritor disse: nós chegamos à lua, mas nem sempre conhecemos a nós mesmos por isso. O homem por um lado descobre coisas maravilhosas e por outro fica ainda na falta de descoberta. Isso faz dezenas de anos que aconteceu, mas é tão verdade hoje como naquele tempo.
Uma senhora contou-me a respeito de um amigo seu do passado, um empresário bem sucedido que a abandonou como esposa depois que ela engravidou dele. Muitos admiram esse homem em sua profissão de empresário, de empreendedor, ele persegue projetos ambiciosos, mas não está em contato consigo mesmo. Movimenta meio mundo, mas não se percebe como é não está em contato com seu lado fraco, o qual precisa esconder externamente com atividades bem sucedidas. Enquanto não tiver ultrapassado o abismo que o separa de seu verdadeiro eu, nunca brotará dele a verdadeira prosperidade. Sempre destruirá pessoas; precisa diminuir os outros para poder acreditar em sua grandeza. Por isso sua atividade ainda que, à primeira vista, pareça ser bem sucedida, continuará destruindo pessoas. Em última análise, não trará nenhuma prosperidade para esse mundo.
Por isso, caro leitor, diante desse princípio, conheça-te a ti mesmo, nós podemos refletir também sobre essa história: não adianta chegar à lua, se nós não chegamos no centro de nós mesmos, se nós não nos conhecemos, se nós continuamos tendo nossas atitudes arrogantes, muitas vezes destrutivas. Conhecer-se é compreender o outro e conviver bem com o outro.