Ela diz que tabagismo, obesidade e gravidez são fatores agravantes
Por Ludmilla Souza – Repórter da Agência Brasil
Apesar das visitas ao angiologista e ao cirurgião vascular serem mais comuns a partir dos 50 anos, devido a uma maior incidência de sintomas relacionados à especialidade, hábitos alimentares e de qualidade de vida podem impactar diretamente na saúde vascular de jovens e adolescentes.
Por isso, durante o período de isolamento social, é importante manter uma rotina saudável, pois durante a juventude é possível também desenvolver doenças vasculares, alertou hoje (11), em São Paulo, a Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular (Sbavc) .
A falta de consumo de fibras e o excesso de carboidrato, gordura e sódio na alimentação, associados ao sedentarismo, são as maiores causas de doenças vasculares na juventude. A trombose venosa profunda (TVP) e a doença aterosclerótica são as mais incidentes porque estão ligadas à qualidade de vida do indivíduo.
De acordo com a Sbacv, 1% da população, de até 50 anos de idade, sofre de trombose arterial, cuja maior causa é a aterosclerose. Apesar do número não parecer tão alarmante, a cada 100 mil pessoas mil são acometidas pela doença. Já no caso de TVP, há uma incidência de 60 casos a cada 100 mil habitantes. As maiores causas da doença são gravidez, obesidade e uso de anticoncepcionais, além des tratamentos de reposição hormonal.
A cirurgiã vascular e membro da Sbacv, médica Luisa Ciucci, explicou que a incidência de TVP em mulheres é maior.
“As mulheres são mais propensas a tromboses venosas pelo uso de anticoncepcionais hormonais e [e também] gestação. Porém, após a menopausa elas têm maior predisposição ao desenvolvimento de aterosclerose, principalmente quando tabagistas [fumantes]”, explica a especialista.
Doenças
A herança genética e outros fatores biológicos também podem contribuir para o surgimento de disfunções vasculares precoces. Na infância, essas doenças podem aparecer, porém, estão sempre associadas a um histórico de câncer ou uso de cateter. Já na adolescência, além da obesidade e tabagismo, o uso de anticoncepcionais, doenças crônicas e histórico na família estão entre as causas mais frequentes do surgimento dessas patologias.
A especialista afirma que não é somente a falta de exercícios físicos que pode comprometer o sistema vascular dos jovens. “O excesso de atividade física ou atividade não supervisionada podem aumentar o risco de trombose venosa profunda dos membros superiores, condição conhecida como síndrome de Paget Schroetter, ou trombose relacionada ao esforço, além de lesões musculares e ortopédicas”, afirma a médica.
Ela destaca, ainda, que o uso de hormônios e dietas proteicas sem o acompanhamento de um médico podem ter disfunções hepáticas e renais, bem como TVP.
Na juventude, a maior procura por cuidados com o corpo é relacionada a resultados rápidos e visíveis. Entretanto, bons hábitos podem maximizar a saúde e bem-estar do indivíduo em longo prazo.
“Como pessoas jovens têm maior reserva funcional, podem não sentir os efeitos de imediato, mas o cuidado precoce aumenta muito a qualidade de vida e previne grande parte das doenças infecciosas, cardiovasculares e até neoplasias”, finaliza a médica.