Por Mariana Lacerda/ Ascom Uesb
Com o alto risco de contágio pelo coronavírus e todas as incertezas que rondam a pandemia, a principal orientação para a população é ficar em casa. Mas, quando surgem sintomas que podem ser da Covid-19, qual o melhor momento para procurar uma unidade de saúde?
O Tele Coronavírus conta com a participação de cerca de 200 alunos das universidades estaduais baianas e já ultrapassou a marca de mais de 50 mil atendimentos.
Graças à iniciativa da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Bahia e da Universidade Federal da Bahia (Ufba), recorrer ao telefone tem ajudado baianos a lidar com essa dúvida e com os sinais da doença. Ao discar 155, o Tele Coronavírus conecta, de um lado da linha, pacientes em busca de auxílio, e do outro, estudantes dos estágios finais de cursos de Medicina. O Projeto conta com a participação de cerca de 200 alunos das universidades estaduais baianas e já ultrapassou a marca de 50 mil atendimentos.
Desse total, cerca de 60% das pessoas não precisou se deslocar para uma unidade de saúde, contribuindo para evitar a disseminação da Covid-19. Os dados já são considerados um sucesso pela Fiocruz. A pesquisadora e coordenadora do Projeto, Viviane Boaventura, lembra que a proposta representa também uma oportunidade de aprendizado para esses estudantes. “Possibilitando o ensino e a prática de atividades de telesaúde e de voluntariado, como ação cidadã”, destaca.
Do outro lado da linha
Divididos em grupos e supervisionados por um médico, os estudantes recebem as chamadas em casa, por meio do celular. Eles foram treinados de acordo com o protocolo de atendimento oficial, adotado pela Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab) e pelo Ministério da Saúde.
Um equipe de atendentes faz a triagem, por meio de questionário, para encaminhar as ligações para os voluntários. “Uma escuta cuidadosa alinhada à orientação correta garante que a população permaneça em isolamento social, com monitoramento adequado”, comenta a médica e professora Kátia Cunha, que participa do grupo que coordena a ação na Uesb. “Já para os estudantes, trata-se de uma oportunidade ímpar de aprendizado de enfrentamento de uma crise real”, reforça.
A futura médica e voluntária do Telecoronavírus, Ana Carolina Assunção (foto), atualmente no quinto ano de Medicina na Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs), consegue vislumbrar no Projeto diversos aspectos importantes para a sua formação: desde a atualização científica, com diversos materiais como artigos, protocolos e fluxogramas da literatura nacional e mundial, até a empatia, “sentimento tão importante e que deve ser inerente à prática médica”, define a estudante. “Assim, nossos atendimentos visam o máximo respeito à vida e à dignidade de cada pessoa”, continua.
“Também é relevante continuar mantendo contato com pacientes, ainda que não presencialmente, o que, para mim, é a principal motivação para estudar”, conta Josimar Assis, aluno do quinto ano de Medicina da Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc). Ele vê a experiência com a telemedicina como mais um aspecto a contribuir em sua profissionalização. “Mas, acima de tudo, revitaliza o sentimento de poder ser útil em algo de importância incontestável para a saúde pública, o que faz parte de uma formação biopsicossocial”, sintetiza o estudante.
O Plano de Implementação do Tele Coronavírus está disponível no Repositório Institucional da Fiocruz (Arca) para auxiliar instituições de outros estados a implantar o projeto.