Por Redação (*) – jornalismo@jornaldosudoeste.com
Embora não revelando, mas deixando claro que tem sido pressionado por agentes públicos, empresários do setor educacional e gestores de clubes de futebol, para autorizar a retomada das atividades presenciais nas Escolas públicas e privadas do Estado, além da presença de público nos Estádios, o governador Rui Costa dos Santos (PT), manifestou perplexidade e indignação com as propostas em entrevista à TV Bahia, na manhã da quarta-feira (23), durante a participação em um ato oficial no Bairro IAPI, em Salvador.
“Um colégio acharia normal que todo dia morresse uma sala de aula de alunos? A CBF [Confederação Brasileira de Futebol] acha normal todo dia morrerem quatro times completos?”, indignou-se o governador ao comentar as pressões para a abertura das Escolas para aulas presenciais e a volta de torcedores aos Estádios.
O governador relatou sua preocupação com a pandemia da Covid-19, mesmo com o que classificou de estabilidade das taxas de contaminação e oferta de leitos de Unidades de Terapia Intensiva, apontando que “a doença não foi embora e não há vacina sendo distribuída”.
O governador expressou surpresa e perplexidade com a falta de sensibilidade e amor ao próximo que tem sido revelado pelas pessoas que insistem em desafiar a ciência e as evidências que apontam que a Covid-19 continua fazendo vítimas, ceifando vidas e destruindo famílias, apesar de todos os esforços que tem sido feitos para mitigar seus efeitos. “Vamos seguir avaliando o número de óbitos e a taxa de ocupação do Hospital, porque isso é um sintoma real. Os números em si, dependem da quantidade de testes que se faz. Se faz mais testes, aparece mais gente. Se faz menos testes, aparece menos gente”, ressaltou o governador, apontando que o número de pessoas que procuram os Hospitais não está relacionado à quantidade de testados. “Por enquanto, nós caímos [taxa de contaminação], mas estamos ainda em um patamar que eu considero alto demais para qualquer iniciativa que exponha mais a vida humana”, ponderou.
O governador disse ainda que o número de mortes pela Covid-19, mesmo estabilizado e com tendência de baixa, conforma dados oficiais, está em torno de 44, 40 por dia. “Um patamar de 44 mortes, 40 mortes por dia é um alto. Se formos falar a linguagem de Escola, é uma sala de aula morrendo todo dia. Hoje, morre uma sala de aula todos os dias”, acentuou o governador, acrescentando ter a impressão que as pessoas perderam referências de solidariedade com a vida humana. “A sensação que eu tenho às vezes, é que as pessoas perderam qualquer referência de solidariedade e de fraternidade com a vida humana. Nós só vamos atualizar retorno às aulas, seja particular, seja pública, com o número de redução de mortes. Eu não quero ser responsável pela morte de alunos e professores. Aulas, só quando a gente reduzir ainda mais o número de mortes diárias”, concluiu o governador.