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Urgente! Boletim da Guerra Fria Cultural.

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Minha geração viveu o inteiro período da Guerra Fria (1947-1991). Foram os longos anos do conflito Leste-Oeste, da geopolítica definida pelas duas trincheiras opostas, da corrida espacial e dos arsenais repletos de artefatos nucleares suficientes para destruir diversas vezes o planeta azul. Não preciso, então, que algum rapazinho barbudo me venha contar a Guerra Fria que menciono na abertura do filme “1964 o Brasil entre armas e livros”, produzido pelo Brasil Paralelo.

Quando ela acabou, já estava encarniçado o conflito em outro teatro de guerra, também ela fria. Refiro-me ao teatro interno de uma disputa travada nos espaços que cada nação dedica à Cultura, à Educação, à Comunicação Social e ao papel das religiões.

A guerra cultural atinge, principalmente, as nações livres e precisa ser identificada em suas manifestações, assumida como um dado da realidade mundial e empreendida de modo realista, não poético nem estético, para que se possa conservar fria. Trava-se em praticamente todos os países do Ocidente, entre conservadores/liberais e revolucionários. E vamos tomar esta última palavra pelo seu sentido comum, que talvez fique mais bem definido quando pensamos no Fórum Social Mundial e seu impreciso “Um outro mundo é possível”. Não hesito em afirmar, sob as luzes da história vivida, que o outro mundo possível é um mundo totalitário porque sempre é aí que chega a esquerda revolucionária quando conquista o poder.

É bom lembrar: o Brasil saiu dos governos militares e caiu nas mãos dos seus adversários. Os revolucionários dominaram os quatro palcos da guerra: Cultura, Educação, Comunicação e Igreja.  Nas últimas décadas, os conservadores perdiam por WO. Sem adversários, o PT discutia consigo mesmo através de suas tendências. Nossos autores conservadores ou liberais eram poucos e mantidos ocultos nas universidades: João Camilo de Oliveira Torres, Otto Maria Carpeaux, Gustavo Corção, Meira Penna, Antonio Paim, Ives Gandra, Eugênio Gudin, Roberto Campos, Olavo de Carvalho, entre outros.

Nada do que está em curso no Brasil deixa de ter relação com a realidade aqui mencionada. Durante meio século, a esquerda revolucionária se instalou nos meios culturais, ganhou autonomia nas universidades federais e busca o mesmo objetivo em todo o sistema de ensino. Ela abasteceu as prateleiras e diversificou seus modos de financiamento e atuação, sempre tendo como objetivo sufocar o conservadorismo, seu desatento adversário.
Favorecido com isso, o esquerdismo revolucionário dominou o ambiente cultural e passou a jogar afinado com o Foro de São Paulo. Foi nesse braço de mar que o desajeitado e rude Bolsonaro lançou a rede e fez sua pesca foi milagrosa.

Falta-nos, agora, praticamente tudo para recuperar tempo e terreno perdido. E aí estão as dificuldades do governo. Embora o conservadorismo reconheça a importância do consenso, as trincheiras da guerra cultural e as forças que em virtude dela se aglutinam não podem ser desconhecidas porque o conservadorismo é realista. Conservadores não devem adotar conduta que favoreça as ações do adversário e devem se empenhar para retomar posições perdidas. O que nestes dias se discute sobre a nomeação de reitores das universidades federais tem absolutamente tudo a ver com o que aqui descrevo. Visto de longe parece burrice, visto de perto é guerra fria.
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