Há nove dias do final do mandato, o prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella (Republicanos), foi preso na manhã desta terça-feira, em operação da Polícia Civil e Ministério Público Estadual. Além do prefeito, também foram presos o empresário Rafael Alves e o delegado aposentado José Fernando Moraes Alves
Por Redação (*)
Em mais um desdobramento da Operação Hades, que investiga um esquema de corrupção no suposto “QG da Propina” instalado na atual gestão na Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro, o prefeito Marcelo Crivella (Republicanos), o empresário Rafael Alves e o delegado aposentado da Polícia Civil José Fernando Moraes Alves, foram presos na manhã desta terça-feira.
Outro alvo da Operação, o ex-senador Eduardo Benedito Lopes – que assumiu o mandato com a eleição de Crivella para Prefeitura do Rio de Janeiro e também ocupou a titularidade da Secretaria de Estado de Pecuária, Pesca e Abastecimento do Rio de janeiro no Governo Wilson Witzel – mudou-se para Belém, por esta razão não foi encontrado em sua casa e está sendo procurado.
Também foram alvos da Operação e presos preventivamente Mauro Macedo, Christiano Borges Stockler Campos e Adenor Gonçalves.
Os Mandados de prisão, expedidos pela Desembargadora Rosa Helena Penna Macedo Guita, foram cumpridos por agentes da Coordenadoria de Investigação de Agentes com Foro (Ciaf) da Polícia Civil e Procuradores de Justiça do Grupo de Atribuição Originária Criminal da Procuradoria Geral de Justiça (Gaocrim) do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro.
No despacho, a Desembargadora apontou que “… face a todo o exposto, com fundamento no Artigo 312 do Código de Processo Penal, defiro em parte o pedido do Ministério Público e decreto a prisão preventiva dos denunciados Marcelo Bezerra Crivella, Rafael Ferreira Alves, Mauro Macedo, Eduardo Benedito Lopes, Christiano Borges Stockler Campos, José Fernando Moraes Alves e Adenor Gonçalves, determinando que se expeçam imediatamente os competentes mandados de prisão.
Todos os presos vão ser levados à tarde ao Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, para uma Audiência de Custódia, marcada para às 15h.
As investigações apontaram que Marcelo Crivella trocou mais de duas mil mensagens com o empresário Rafael Alves, que embora não tivesse cargo na estrutura administrativa da Administração Municipal, segundo o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, exercia forte sobre o prefeito e atuava facilitando contratos com o ente público em troca de propina.
Segundo os investigadores, o inquérito contra o prefeito Marcelo Crivella (Republicanos), cujo conteúdo integral está sob sigilo, foi aberto em 2019 com base na delação premiada de Sérgio Mizrahy, um agiota que atua na zona Sul da cidade do Rio de Janeiro. As investigações, segundo os investigadores da Coordenadoria de Investigação de Agentes com Foro (Ciaf) da Polícia Civil e Procuradores de Justiça do Grupo de Atribuição Originária Criminal da Procuradoria Geral de Justiça (Gaocrim) do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, mostraram que empresas que tinham interesse em fechar contratos ou tinham dinheiro para receber do município entregariam cheques para envolvidos no esquema e em troca recebiam benefícios e os valores das dívidas.
Ao chegar à Cidade da Polícia, o ex-senador, ex-ministro de Estado da Pesca no Governo Dilma Rousseff e bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus, Marcelo Crivella atribuiu a sua prisão a uma perseguição política. “Perseguição política. Lutei contra o pedágio ilegal e injusto, tirei recursos do carnaval, negociei com o VLT [Veículo Leve sobre Trilhos]. Fui o Governo que mais atuou contra a corrupção no Rio de Janeiro”, disse, acrescentando que a sua expectativa agora é justiça.