Podemos ver diante de nós, dois anjos: o anjo da história e o anjo do futuro. O primeiro tem o rosto voltado para o passado. Ele vê uma série de acontecimentos que se apresentam como um amontoado de destroços. Ele observa as catástrofes e problemas vividos e sofridos. Esse anjo voltou as costas para o futuro e só vê a montanha de destroços diante dele que se agiganta até o céu. O anjo do futuro, porém, contempla o horizonte que está por vir. Prepara o caminho para a vinda de Deus na história. Porque olha para frente, mantém a esperança viva. Nele o coração se anima, pois se fundamenta na promessa de que a vida sempre vence. Deus garante a vitória.
O anjo do futuro não olha para trás com tristeza ou ira. Quando olha, contempla o passado com amor. Olha os destroços e problemas, mas como tem esperança firme no futuro, não se deixa abater pela tristeza. Vê os problemas vividos como momentos que ajudaram no crescimento e na espera confiante do futuro.
O anjo da história fica preso a mágoas, feridas e não consegue perceber a beleza da vida. Ele está só interessado em olhar para trás e para a terra. Não se volta para contemplar o horizonte, o sol e o infinito. Somente o anjo do futuro consegue mudar a visão do anjo da história. Quando tendemos a permanecer contemplando somente os destroços e fracassos da nossa vida, precisamos nos colocar em sintonia com o anjo do futuro. Não é que o anjo do futuro se preocupe somente com as alegrias e vitórias. Ele passa pelas derrotas e abre as portas da esperança.
A esperança da vida, que o anjo do futuro traz, não se baseia na força que temos quando jovens, nem no poder, no sucesso ou nas riquezas. Essa esperança se baseia no grande mistério divino, que não está longe de nós. Ele está mais perto do que pensamos. Ele está dentro de nós. Sustenta o mundo todo com seu amor. Ele vem ao nosso encontro com a promessa de vida em abundância. O anjo do futuro nos traz a notícia de que tudo ficará bem. Nada do que se viveu foi em vão. Todos somos convocados para essa esperança. Essa convocação soa como uma ordem para resistirmos contra a morte, contra os poderes de morte e uma ordem para amar a vida e valorizá-la sempre, em todo instante, qualquer vida, a vida inteira.