Por Ascom/ TJ-BA
“Fui morar com meu namorado por necessidade, e ele me humilhava, dizia que eu não tinha onde cair morta, ameaçava me colocar pra fora de casa sem nenhum motivo. Todo o meu dinheiro era utilizado para comprar comida, e ele me proibia de ter amizades e de conversar até com vizinhos”. O relato é de R.E, uma mulher que se encontrava em situação de violência doméstica / psicológica.
De acordo com a Lei Maria da Penha (nº 11.340), a violência psicológica é o modo de agir que cause dano emocional e diminuição da autoestima da mulher ou que lhe prejudique e perturbe o seu pleno desenvolvimento.
“Quando vivi essa situação, não tinha consciência de que se tratava de violência psicológica, porque pouco se falava sobre o assunto. Mas eu sentia que não era normal, pois aquilo me causava angústia, tristeza e sofrimento”, explica R.E. Ela relata que houve momentos em que pensou que fosse morrer, pois os xingamentos se transformaram em socos e tapas.
Com a intenção de explicar o que é a violência psicológica e mostrar às mulheres como quebrar esse ciclo, o Poder Judiciário da Bahia (PJBA), por meio da Coordenadoria da Mulher, promove a live #NãoAceite – Violência psicológica é crime, denuncie!.
O evento acontece na próxima segunda-feira (08) e marca o Dia Internacional da Mulher, comemorado sempre nesta data, e a abertura da Semana da Justiça pela Paz em Casa, promovida pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Os interessados podem acompanhar a live a partir das 9h no canal do YouTube do PJBA. O Presidente do PJBA, Desembargador Lourival Almeida Trindade, fará a abertura do evento, que terá como moderadora a Desembargadora Nágila Brito, Responsável pela Coordenadoria da Mulher.
Além deles, participarão da mesa do debate as juízas Jacqueline Campos e Andremara Santos, e o juiz Mário Caymmi. Como palestrantes, a live conta com a jornalista Andressa Guerreiro e Jovanna Baby, TransAtivista.
Ao promover debates sobre violência doméstica, o PJBA tem a intenção de contribuir para disseminação de informações sobre o assunto e mostrar às mulheres que elas podem quebrar o ciclo e evitar o feminicídio.
“Um dia eu ouvi duas vizinhas conversando e uma disse para a outra: ‘as pessoas só fazem conosco aquilo que permitimos’. Isso mudou a minha vida, eu percebi que poderia trabalhar mais, e juntar dinheiro. Quando ele me dizia todas aquelas coisas para me maltratar e humilhar, eu ouvia e não revidava por medo, mas eu pensava dentro de mim: ‘não sou nada disso, ele é quem não vale nada’. É possível mudar de história, não se conforme com a situação em que você está, lute com todas as suas forças e tenha fé em Deus que tudo dará certo”, comenta R.E.
Mulher, peça ajuda, você não está sozinha!
Central de Atendimento à Mulher – Ligue 180
Polícia Militar – Ligue 190
Defensoria Pública – Ligue 129
Semana Justiça Pela Paz em Casa – Promovida pelo Conselho Nacional de Justiça desde 2015, e adotada por todos os Tribunais, a iniciativa acontece três vezes ao ano. Sua realização tem o objetivo de ampliar e realizar ações relacionadas ao combate à violência doméstica e familiar. As semanas ocorrem em março – marcando o dia das mulheres; em agosto – por ocasião do aniversário de sanção da Lei Maria da Penha (Lei n. 11.340/2006); e em novembro – quando a Organização das Nações Unidas estabeleceu o dia 25 como o Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra a Mulher.
O programa também promove ações interdisciplinares organizadas que objetivam dar visibilidade ao assunto e sensibilizar a sociedade para a realidade violenta que as mulheres brasileiras enfrentam.