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Pesquisa da UFV acompanha e prevê a disseminação da Covid-19 no país

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Modelo também avalia o impacto da vacinação contra a Covid-19 em diferentes cenários epidemiológicos

 

Por: Paloma Custódio/ Brasil61

Projeto da Universidade Federal de Viçosa (UFV) acompanha e prevê a disseminação da Covid-19 no país. O modelo foi proposto inicialmente, no começo da pandemia, para mapear e medir a intensidade da onda de propagação do coronavírus nos municípios brasileiros.

Em setembro de 2020, o portal Brasil61.com publicou uma reportagem sobre os rumos do projeto até então, que já levava em conta a dinâmica de mobilidade populacional entre as cidades.

O chefe do estudo e pesquisador do Departamento de Física da UFV, Sílvio Ferreira, explica como está o andamento do projeto atualmente.

“Continuamos trabalhando nesse modelo, mas agora tentando estimar parâmetros epidemiológicos específicos para cada local do país. E tentamos prever qual é o impacto, por exemplo, das medidas de isolamento em uma determinada região; como que isso tem impacto positivo ou negativo em uma outra cidade, que faz parte da vizinhança ou que é fortemente conectada com ela.”

Outra parte do projeto é a compilação da incidência epidêmica, com os números de novos casos diários da Covid-19, em cada município do país. Os dados são mantidos em uma base de acesso livre para a população.

Segundo Sílvio Ferreira, os pesquisadores têm buscado ajustar o modelo a parâmetros epidemiológicos mais fiéis à realidade de cada município.

“Isso é um grande desafio, porque no tipo de modelagem que fazemos, levamos em conta o papel do sujeito assintomático, que não aparece nas estatísticas. Está um pouco complicado, porque as Secretarias de Saúde fornecem dados de maneiras diferentes.”

Impacto da vacinação

Como todo projeto de pesquisa, os estudiosos da UFV atualizam os temas abordados pelo modelo, como, por exemplo, o impacto da vacinação contra a Covid-19 em diferentes cenários.

“Se você tem, por exemplo, uma taxa de vacinação alta, mas com a incidência epidêmica extremamente alta e descontrolada, há uma certa previsão. Em outro caso, se você tem uma taxa de vacinação que talvez não seja ideal, mas mantém a epidemia sob controle, o prognóstico é diferente; pode ser melhor”, detalha o pesquisador.

Previsões

O pesquisador Sílvio Ferreira explica que nenhum modelo epidêmico é capaz de prever cenários muito precisos, já que existem fatores que fogem do controle das pesquisas. A exemplo do surgimento de novas cepas do coronavírus, no final de 2020, quando a doença se espalhou de maneira mais rápida e síncrona por todo o país.

“O que podemos fazer é imaginar cenários. Nós prevemos que, se mantivermos essa taxa atual de vacinação e o mesmo nível de isolamento, a redução na taxa de mortalidade vai ser modesta. Agora, se relaxar demasiadamente, começar a permitir eventos que são de alto risco para infecção, pode complicar muito o cenário, se a taxa de vacinação não for muito maior”, estima.

No início da pesquisa da UFV, o modelo previa que na primeira onda da pandemia, a disseminação do coronavírus seria assíncrona, ou seja, começaria em alguns grandes centros urbanos e, após algum tempo, se espalharia para o restante do país. A previsão foi confirmada.

“O que aconteceu na segunda onda – e nós estamos monitorando – é que, de fato, a incidência epidêmica agora ficou bastante sincronizada entre os grandes centros e a região do interior. E temos que levar em conta que a maior parte da população brasileira mora no interior”, explica Sílvio Ferreira.

“Isso ocorre porque agora o deslocamento entre locais já não é o fator dominante, porque em todas as cidades do Brasil, praticamente, já tem uma transmissão que não depende de fatores externos, de pessoas que vêm de outros municípios”, acrescenta.

Segundo o pesquisador em Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Gabriel da Luz Wallau, a disseminação das novas cepas do coronavírus ocorreu como na primeira onda da pandemia: primeiro nos grandes centros urbanos e depois se espalhou para as cidades do interior.

“As variantes detectadas [no interior] são as mesmas que acontecem nas grandes capitais. Nós temos um fluxo muito grande [pessoas] que sai das capitais e vai para o interior e acaba espalhando; uma vez que nós não temos medidas de contenção não farmacológicas eficientes sendo colocadas em prática e não temos avanço rápido da vacinação”, afirma.

O pesquisador da Fiocruz afirma que assim como a variante P1 elevou o número de casos e óbitos nas grandes capitais, esse número também aumentou no interior de todos os estados brasileiros com a chegada da nova cepa.

“Acredito que atualmente nós temos mais casos e o maior número de óbitos [proporcionalmente] no interior do país. Porém, nós vamos ter um número, obviamente, menor de casos quando comparados com as capitais, simplesmente pelo fato de que temos uma menor população no interior do país.”

Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) – fundação vinculada ao Ministério da Educação. Segundo o pesquisador Sílvio Ferreira, os estudos estão avançados e em breve alguns resultados serão divulgados publicamente.

Foto da Capa: Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC)

Fonte: Brasil 61

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