Eu sou nordestina, natural da Bahia, e com muita satisfação quero partilhar com vocês sobre a “alegria do São João”. Sim, chega a ser engraçado o sentido duplo que pode ter essa expressão, pois pode ser tratada a alegria das festividades da cultura do país ou ainda, a alegria tão marcante da vida desse santo para a história da nossa fé e salvação. Assim sendo, peço licença para unir as duas alegrias em uma só: São João.
Quem foi esse rapaz? O que ele fez para ser tão importante? Que significado tem a sua vida e qual a alegria que ele nos trouxe? Bem, vamos lá! Quando começa o mês de junho, tudo muda em nosso coração nordestino. É algo que se compara à expectativa de um acontecimento importante, muito especial. As cores mudam, a decoração das casas, das ruas e até mesmo de cidades inteiras. E por que tudo isso? Para esperar “o São João”!
Mas podemos pensar para além das decorações dos lugares, nos fogos, nas músicas, nas fogueiras e nas mais deliciosas comidas da nossa riquíssima culinária. É quase um Natal, “alguém importante” que está chegando. E, preciso dizer, está mesmo! Está chegando João!
“Completou-se o tempo da gravidez de Isabel, e ela deu à luz um filho. Os vizinhos e parentes ouviram dizer como o Senhor tinha sido misericordioso para com Isabel, e alegraram-se com ela. No oitavo dia, foram circuncidar o menino, e queriam dar-lhe o nome de seu pai, Zacarias. A mãe, porém, disse: “Não! Ele vai chamar-se João. E todos os que ouviam a notícia ficavam pensando: “O que virá a ser este menino?” De fato, a mão do Senhor estava com ele. E o menino crescia e se fortalecia em espírito. Ele vivia nos lugares desertos, até o dia em que se apresentou publicamente a Israel” (Lc 1,57s).
Houve alegria no céu com a vida desse menino, pois ele era a divisão do tempo e nele se inaugurou o Kairós, o tempo da graça. Houve alegria na terra, pois seus pais haviam experimentado em suas vidas a mais sublime das certezas: “que para Deus nada é impossível”!
Houve alegria no céu com a vida desse menino, pois ele era a divisão do tempo e nele se inaugurou o Kairós, o tempo da graça. Houve alegria na terra, pois seus pais haviam experimentado em suas vidas a mais sublime das certezas: “que para Deus nada é impossível”!
Na liturgia da Igreja, somente três nascimentos são celebrados: Jesus, Maria e “o João”. João encerra o ciclo do Antigo Testamento e dos Profetas, pois ele aponta o Messias esperado, e atesta com seus olhos que Deus não esqueceu de nós, o seu povo, mas que de nós se lembrou com misericórdia.
João, ainda no ventre da sua mãe Isabel, fora banhado pelo Santo Espírito, fora tocado pela Mãe do Filho de Deus, a cheia da graça. Sua força não era domável, era livre, era destinada a revelar os pecados desse mundo e suas amarras, era um grito de conversão para que os ensurdecidos saíssem das trevas à luz. Ele era tão especial que o próprio Cristo, nosso salvador e redentor, dele disse: “Desde os tempos de João Batista até hoje, o Reino dos céus é para os violentos” (Mt 11,12). Daqueles que tinham o coração gigante e apaixonado como o dele, cheio de sentido e significado, responsável com a sua missão: “E tu menino, serás chamado profeta do Altíssimo” (Lc 1,76).
João também viu o redentor, reconheceu que agora a nossa alegria está completa, e disse: “Eis o cordeiro de Deus, Aquele que tira o pecado do mundo” (Jo 1,29). Depois de tudo isso, por que não dizer: Bem vindo João! Viva São João!
Que a fumaça das fogueiras anunciem a sua chegada! As cores das bandeirinhas anunciem a alegria que sua vida nos trouxe, novos tempos chegaram! O Reino chegou! Chegou o Cristo, O Rei, o Redentor. Eis o que anuncia sua vida, seus dias! Está vindo, chegando depois de mim Aquele que torna possível o impossível.
Quanta alegria nos traz sua vida! Que nossos corações cristãos, nordestinos bradem no peito o seu viva, a sua gratidão por ele, e novamente celebrem: Viva São João!