Irecê é ligada a 18 municípios baianos, como Lapão. Imunizar a população quilombola representa importante medida de enfrentamento à pandemia
Por: Luiza Aldser/Brasil61
Mais de 39 mil quilombolas de Irecê, na Bahia, serão beneficiados com a primeira dose da vacina contra a Covid-19. Plano de Imunização também vai favorecer quilombolas dos 18 municípios vizinhos: Lapão, Ibititá, América Dourada, Canarana, João Dourado, Mulungu do Morro, Barro Alto, Central, Souto, Soares, Ibipeba, São Gabriel, Iraquara, Barra do Mendes, Uibaí, Jussara, Gentio do Ouro, Presidente Dutra e Cafarnaum.
Dos 18 municípios da microrregião de Irecê, Lapão e Ibititá abrigam o maior número de quilombos. Lapão, por exemplo, possui nove comunidades quilombolas registradas na prefeitura e 16 reconhecidas pelo IBGE. Segundo a coordenadora de Imunização de Lapão, Simone Tosta, são mais de cinco mil quilombolas que habitam a zona rural, mas também frequentam a zona urbana. O município já vacinou mais de 3.200 quilombolas com a primeira dose. “Hoje as comunidades vivem integradas ao convívio das cidades. Vacinar os quilombolas significa proteger, não só aquela comunidade que se pensa de forma errada, que vive em isolamento, mas proteger a comunidade e as pessoas que vivem na sociedade, fazendo com que essa vacina crie uma barreira de proteção para os lugares onde elas convivem e moram”, explicou a coordenadora.
A coordenadora do Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde, Francieli Fantinato, explica a importância da vacina nos grupos prioritários. “As comunidades quilombolas são populações que vivem em situação de vulnerabilidade social. Elas têm um modo de vida coletivo, os territórios habitacionais podem ser de difícil acesso e muitas vezes existe a necessidade de percorrer longas distâncias para acessar os cuidados de saúde. Com isso, essa população se torna mais vulnerável à doença, podendo evoluir para complicações e óbito.”
De acordo com a secretária de Saúde de Irecê, Maria Tarcila de Miranda, mais de 700 quilombolas receberam a primeira dose da vacina contra a Covid-19. O município possui duas comunidades quilombolas registradas. “Todos os quilombolas já foram vacinados, todas as pessoas a partir de 18 anos, com exceção das gestantes e das puérperas. Das duas comunidades que temos, em Baixão de Zé Preto e em Lagoa Nova”, confirmou a secretária.
Segundo painel de transparência divulgado pelo Ministério da Saúde, mais de R$32 milhões foram investidos em ações de enfrentamento à Covid-19 nas comunidades quilombolas da Bahia, o que evidencia a prioridade do combate ao coronavírus nos quilombos. Para Valdicleia da Silva Marques, líder quilombola da comunidade Lagoa dos Batatas e representante do Conselho Territorial das Comunidades do município de Ibititá, os quilombolas precisam entender a importância da vacina. “Se todas as pessoas que morreram tivessem tomado a vacina, nós não estaríamos num sofrimento desse. O mundo está escuro, está sem vida. Quando você pensar em não se vacinar, pense no próximo que você pode contaminar. Salve vidas, vacina sim, vacina para todas as comunidades quilombolas, vacina para todos desse mundo”, pediu Valdicleia.
A vacina é segura, passou por testes e é uma das principais formas de combater o coronavírus. Não tenha medo. Procure o líder quilombola de sua comunidade, fique atento ao calendário de vacinação e acompanhe os boletins de saúde no site da Prefeitura de Irecê. Vale lembrar que mesmo com a primeira dose da vacina é preciso cumprir o distanciamento social e os protocolos contra a Covid-19: use máscara, lave as mãos, evite aglomerações e utilize álcool em gel após tocar qualquer objeto ou superfície. Ao sentir qualquer sintoma da Covid-19, como febre, tosse seca, dor de cabeça, cansaço e dificuldade de respirar, procure o Atendimento Imediato nas Unidades Básicas de Saúde ou centros comunitários mais próximos de sua região.
Foto de capa: Rovena Rosa/Agência Brasil
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