Com a Economia da Solidariedade Espiritual e Humana, dentro da Estratégia da Sobrevivência, procuro demonstrar que, acima do mercado, existe um requisito anterior a ele próprio, que há de subsistir eternamente. Trata-se do Espírito Eterno do ser humano que, evoluído e valorizado como o Capital de Deus, torna-se o fulcro de equilíbrio da Economia, porque se contrapõe à ganância e à impunidade.
Afrânio Peixoto (1876-1947), médico baiano, deputado federal e escritor que marcou a ficção realista e impressionista do início do século 20, certeiramente expressou: “Através do tempo o lucro impiedoso cresceu e campeou. É ele que faz as calamidades e as guerras, porque a ambição ilícita é que gera a ferocidade da espoliação e da conquista”.
Diante do exposto por esse eminente membro da Academia Brasileira de Letras (ABL), convém esclarecer que, ao falar no papel ainda não devidamente conhecido do Espírito Imortal na Economia, não proponho uma quimera inatingível. Refiro-me àqueles seres humanos que aplicam a consciência espiritual deles no dia a dia, pois estão plenamente cônscios — em Espírito e Verdade, pelo prisma do Novo Mandamento do Cristo — a respeito de sua verdadeira origem, que é divina, e, portanto, vivem a Cidadania do Espírito.
Com tal sabedoria, não poderão, sem más consequências para si mesmos, alegar-se vítimas de ceticismos nocivos ou fanatismos, visto que o Divino Dono do Capital chamado Espírito virá, por processos que a maioria ainda não deduz, cobrar dos seus reducionistas ou detratores os desvios. Reafirmo: a Economia é a mais espiritual das ciências ou arte, porquanto enfeixa o ordenamento dos bens imprescindíveis à sobrevivência das cidadãs e dos cidadãos e à melhoria da qualidade de vida, espiritual, moral e fisicamente falando. Abordar com apurado senso esse assunto é incumbência natural dos religiosos e mesmo dos descrentes em relação à existência da Divindade, mas que trazem dentro de si o apreço pela nobreza do semelhante. Sem espírito solidário, não haverá civilização sobrevivente.
Os sinais dos maus-tratos sofridos pelo nosso planeta são evidentes e demonstram a falta de caridade de muitos para com a morada que o Ser Onidirigente dos Mundos criou para a nossa evolução. O pastor evangélico Paulo Leivas Macalão (1903-1982) retrata em suas palavras a Bondade Sublime do Supremo Governante dos Universos e o descaso dos habitantes da Terra:
“Recebemos há dias um grande e belo mamão, que nos foi oferecido como primícias. Quando o fruto foi partido ao meio, fiquei maravilhado com a quantidade de sementes que possuía.
“Ao verificar o interior do mamão cheio de sementes, Deus me revelou duas grandes verdades: a abundância existente e o convite de Deus à fartura, e o nosso descuido, no comer os frutos: jogar fora as sementes”.
Allan Kardec, conhecido como “o Codificador do Espiritismo”, registra em O Livro dos Espíritos, pergunta 685, lição que vem ao encontro do que estamos expondo: “A ciência econômica procura remédio para isso [o mercado de trabalho] no equilíbrio entre a produção e o consumo. Mas, esse equilíbrio, dado seja possível estabelecer-se, sofrerá sempre intermitências, durante as quais não deixa o trabalhador de ter que viver. Há um elemento, que se não costuma fazer pesar na balança e sem o qual a ciência econômica não passa de simples teoria. Esse elemento é a educação, não a educação intelectual, mas a educação moral. Não nos referimos, porém, à educação moral pelos livros e sim à que consiste na arte de formar os caracteres, à que incute hábitos, porquanto a educação é o conjunto dos hábitos adquiridos”.
Urge um grande serviço ecumênico de reeducação, de modo que todas as barreiras de ódio sejam derrubadas. Há certos ensinamentos que devem ser reiterados, por exemplo: o problema não é bem de leis, mas de homens, porquanto, como já escrevi, não há regime bom enquanto o homem for mau (desculpem o cacófato). A presente globalização requer, para que resulte em maior estabilidade para o orbe que habitamos, a pacificação dos corações. Batalha mais árdua, bem mais desafiadora — quando a insensatez resiste ao progresso do Espírito que anima o ser humano — do que as guerras que têm ensanguentado as páginas da História. Diante das dificuldades, jamais se esqueçam: quando a Boa Vontade dos seres humanos se une à Boa Vontade de Deus, não há obstáculos intransponíveis. Dure o tempo que for preciso para se concretizar a imprescindível Cultura de Paz, porquanto “tudo é possível àquele que crê” (Evangelho, segundo Marcos, 9:23), como preconizou o Administrador Celeste, que sempre soube o que pregava.
Respeitado o livre-arbítrio de todos, é imperativo que haja união, enquanto é tempo, para o que se tornam absolutamente necessárias paciência e audácia, fatores preponderantes para o advento da nova Economia, alicerçada nas Leis Econômicas de Jesus.