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Ministério da Saúde alerta sobre a importância da doação de sangue

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De acordo com o órgão, as doações caíram 10% no país com a chegada da Covid-19

Por: Larissa Abreu/Brasil61

Uma das áreas da saúde que mais têm sofrido com a pandemia é a de doação de sangue e medula. De acordo com o Ministério da Saúde, as coletas de sangue caíram 10% no país com a chegada da Covid-19. Em relação à medula óssea, a redução na procura para se tornar um voluntário à doação foi em torno de 30%, segundo o Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (Redome).

A médica hematologista do Hospital Anchieta de Brasília, Marina Aguiar, explica que a doação de sangue e de medula  óssea é um gesto de solidariedade que pode salvar milhares de vidas. O sangue pode tratar terapeuticamente pacientes com patologias crônicas. Já o transplante de medula, pode significar a cura para essas pessoas.

“A doação de sangue é um ato solidário e voluntário, que depende da iniciativa de cada cidadão e o retorno é o entendimento de que só nós somos a única fonte desse produto”, disse a especialista.

Segundo a hematologista, são várias as situações em que uma pessoa pode precisar de transfusão sanguínea. Entre elas, as mais comuns são para tratar pacientes com doenças graves, como, por exemplo, anemias e câncer; cirurgias de emergência, acidentes ou partos que causam hemorragias e, também, pacientes com complicações do coronavírus.

Ela ainda reforça que a cada doação são retiradas 450 ml de sangue do doador, que pode ajudar até quatro pessoas. Esse volume é reposto naturalmente pelo próprio organismo em até 72 horas. De acordo com a médica, o ato de doar também traz diversos benefícios para a saúde do doador, que vai desde a redução de risco de doenças cardíacas até a prevenção de alguns tipos de câncer.

“Além disso, doar sangue é um ato seguro porque todos os materiais usados no procedimento são descartáveis e, por isso, não há risco nenhum de contaminação e a sua saúde. Com tão pouco, você pode ajudar outras pessoas que estão necessitando do seu tipo sanguíneo”, esclarece Marina Aguiar.

Gesto de solidariedade

O gesto de solidariedade ajudou a salvar a vida do vendedor Ricardo Botelho, 39 anos, que mora no município de Valparaíso de Goiás, no entorno do Distrito Federal. Em 2014, ele foi diagnosticado com uma úlcera silenciosa e precisou de transfusão de sangue após passar mal no trabalho e ser hospitalizado.

“Eu estava trabalhando e comecei sentir uma tontura que foi aumentando até que eu desmaiei, quando eu acordei já estava na UTI com hemorragia digestiva por causa de uma úlcera silenciosa que, até o momento, não tinha sentido nenhum tipo de sintomas”, contou.

O vendedor ficou 15 dias internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Maria Auxiliadora, que fica no Gama, cidade distante 40km de Brasília, e precisou receber 32 bolsas de sangue para conseguir controlar a hemorragia. Ricardo tem o tipo sanguíneo “O negativo”, considerado raro, pois pode doar para qualquer pessoa, mas só pode receber de pessoas com o mesmo tipo de sangue.

Por isso, precisou contar com a ajuda da família, amigos e até desconhecidos. “Na época, foi feito uma campanha muito bonita e até soldados do exército foram doar sangue para mim”, contou o vendedor.

Atualmente, como forma de gratidão a solidariedade que tiveram com ele, Ricardo faz doações de sangue regularmente, no Hemocentro de Brasília. Na pele, ele eternizou uma homenagem para o ato solidário e de amor ao próximo que o salvou e salva milhares de outras vidas diariamente.

“Hoje, eu tenho uma tatuagem em homenagem a doação de sangue e faço campanhas com os amigos. Sempre que alguém está precisando de sangue, estou indo fazer minhas doações, pois doar sangue é doar vida”, refletiu, emocionado, o vendedor.

Braço solidário

O aposentado Pedro Mariusso mora no bairro Parque Laranjais, em Campo Grande, capital sul-mato-grossense. Ele é doador de sangue regular há 50 anos, na Rede Hemosul. Ao longo das últimas cinco décadas, fez mais de 200 doações e conseguiu ajudar mais de 800 pessoas. Neste ano, Pedro completou 70 anos, idade máxima para doação de sangue, de acordo com o Ministério da Saúde, e se despede do Hemosul. Mas continua incentivando outras pessoas a se tornarem doadores regulares.

“Não é só um médico que salva a vida de uma pessoa. Se o médico não tiver a colaboração de um doador para curar uma pessoa, ele não vai conseguir. Então, eu gostaria de dizer para as pessoas que tem condições de doar e ainda não fizeram, procure um hemocentro e faça esse ato nobre, digno e abençoado por Deus que é a doação de sangue”, incentiva o aposentado.

Luis Fernando Copas, de 57 anos, e a sua filha, Fernanda Portes, de 26, também são doadores regulares no Centro de Hematologia e Hemoterapia do Paraná (Hemepar). Pai e filha doam sangue e plaquetas no Hemepar da capital paranaense.

Luis é empresário do ramo financeiro e mora no bairro Alto, na Grande Curitiba. Ele doa sangue quatro vezes ao ano desde os anos 2000. Em 2012, também se tornou doador regular de plaquetas e doa, em média, 24 vezes ao ano.

“A gente tem que pensar no bem do próximo. Quando vou doar minhas plaquetas, fico no Hemepar cerca de duas horas. Já quem vai doar sangue fica por lá, em média, 30 minutos. Pouco tempo, né? Imagina esse tempo para quem está recebendo essa doação. Está ganhando tempo de vida!”, pondera Luis Fernando.

Fernanda também é empresária e mora em Bacacheri, em Curitiba. Ela se tornou doadora aos 22 anos, por influência do pai. Hoje, faz doações de plaquetas a cada três semanas.

“Eu digo que meu maior exemplo é meu pai, que ele é [um doador] fiel. Muita gente imagina que a doação de sangue e plaquetas é algo dolorido. Mas, na verdade, com uma picadinha, você ajuda muita gente”, disse a empresária.

Pai e filha doando sangue

Onde doar sangue

Interessados em doar sangue e se cadastrar para ser voluntário para doação de medula óssea podem procurar um hemocentro ou alguma unidade de coleta mais próxima da sua cidade. Para saber mais informações sobre endereços e telefones dos hemocentros, veja o mapa interativo abaixo.

Critérios para doação de sangue

Para doar sangue é necessário ter entre 16 e 69 anos de idade. Para os menores de idade é preciso apresentar autorização dos responsáveis e os idosos entre 60 e 69 anos só podem doar se já tiverem feito antes dos 60.

Além disso, é essencial pesar no mínimo 50 quilos e estar em bom estado de saúde. O doador pode doar até quatro vezes ao ano se for do sexo masculino e três vezes se for do sexo feminino. A doação é voluntária e pode beneficiar milhares de pessoas, independente do parentesco. De acordo com o Ministério da Saúde, são realizadas três milhões de doações de sangue por ano na rede do Sistema Único de Saúde (SUS). O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, destaca a importância da doação regular.

“Vamos aproveitar essa oportunidade para reafirmar não só as ações de enfrentamento à pandemia, mas também a necessidade contínua de cumprir o preceito constitucional da saúde como direito fundamental. O sangue, ao longo do tempo, simboliza a vida. E, nesse sentido, é importante a doação regular de sangue. Doe sangue regularmente. Com a nossa união, a vida se completa.”

Doar sangue regularmente é totalmente seguro e não apresenta nenhum risco à saúde. De acordo com a Coordenação-Geral de Sangue e Derivados do Ministério da Saúde, o organismo repõe o volume de sangue doado um dia após a doação e não há nenhum risco de contaminação, pois todos os materiais utilizados para doação de sangue são descartáveis e de uso único. O volume coletado não ultrapassa nem 15% da quantidade total que o doador possui e depois de 24 horas a quantidade é reposta naturalmente.

Os hemocentros têm seguido todas as orientações de contenção da Covid-19. As doações estão sendo realizadas através de agendamento prévio pela internet ou telefone para evitar aglomerações. Vale lembrar que até mesmo quem foi infectado pelo coronavírus pode doar sangue e medula óssea. No entanto, é necessário aguardar 30 dias após completa recuperação da doença.

Quem teve contato com pessoas infectadas também precisa esperar 14 dias para poder fazer a doação. Já os vacinados devem esperar o tempo de imunização, que vai depender da marca do imunizante.

Após a vacinação contra Covid-19, é preciso aguardar um determinado período para poder doar sangue, de acordo com o tipo de vacina. No caso da Coronavac, a inaptidão para doação é de 48 horas e para outras vacinas é de sete dias. No caso da vacina contra a gripe, a espera para doação é de 48 horas após a vacinação.

Foto de Capa: Marcelo Camargo/Agência Brasil

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