Campanha do Ministério da Saúde destaca que doadores de órgãos devem expressar o desejo da doação aos entes mais próximos
Por: Poliana Fontenele/ Brasil61
Entre as mais de 2 mil famílias que perderam entes próximos em 2021, 38% recusaram a doação de órgãos. Os dados são do Ministério da Saúde, que aproveitou o Dia Nacional da Doação de Órgãos, celebrado no dia 27 de setembro, para lançar a Campanha Nacional de Incentivo à Doação de Órgãos e Tecidos. A ideia é conscientizar a sociedade sobre a importância da doação e, ao mesmo tempo, fazer com que as pessoas conversem com seus familiares e amigos sobre o assunto.
Presente na coletiva, o ministro substituto da Saúde, Rodrigo Cruz, se declarou como um doador de órgãos e destacou a importância de se ter uma conversa aberta com a família sobre esse desejo:
“A legislação brasileira determina que a palavra final da doação de órgãos é da família, a campanha vem nesse sentido. Porque é importante destacar que, não basta você externar a sua vontade, é importante que a família dê o sim na hora da doação dos órgãos. Então, sim, sou doador de órgãos e já estendi essa vontade e já conversei com a minha família”, destacou Cruz.
Entre os motivos que podem levar a essa alta taxa de recusa no Brasil e no mundo são: incompreensão da morte encefálica, falta de preparo da equipe para fazer a comunicação sobre a morte e religião. As informações são de estudo da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Atualmente, o Brasil tem o maior sistema público de saúde do mundo em números de transplantes. O Sistema Único de Saúde (SUS) conta com 648 hospitais habilitados e mais de 1,6 mil equipes de profissionais especializados pelo país. Nos últimos 20 anos, mais de 412 mil transplantes foram realizados em todas as modalidades, sendo a maioria de rim, córnea e medula óssea.
Continuidade à vida
“Deixa o mundo todo saber, deixa a vida continuar”. As palavras são cantadas pela cantora Naiara Azevedo em vídeo de divulgação da campanha.
Gabriela Gonçalves passou por um transplante de rim em 2014, após passar três anos na hemodiálise e à espera de um órgão. Para ela, o fato de ser uma transplantada não define o modo que leva a sua vida. Desde o transplante, ela encontrou na atividade física e na corrida uma forma de se manter saudável.
“O transplante é eficaz, eu sou a maior prova de que o transplante traz qualidade de vida para o paciente. Chega de gente falando do transplantado como coitadinho. Nós somos saudáveis, nós podemos dar continuidade ao transplante e manter que ele seja vivo, mas sempre com alegria”, declarou.
Gabriela ainda ressalta a importância de acabar com a polêmica sobre o assunto: “Quando tem alguém doente, a família também adoece. Mas quando o paciente recebe o transplante e recupera a saúde, a família também recupera. Cuidar do órgão transplantado é uma forma de agradecer a família e também ao doador.”
Pandemia
Apesar dos impactos da pandemia de Covid-19, o Brasil registrou menor queda na realização de transplantes de órgãos quando comparado a alguns países europeus como França, Espanha, Croácia e Portugal.
Atualmente, 53.218 pacientes aguardam por um transplante no Brasil. Entre os principais órgãos necessitados estão o rim, fígado e pâncreas. Até o momento, neste ano, foram realizados 5.626 transplantes no País, segundo dados do Sistema Nacional de Transplantes.
Foto de Capa: Davidyson Damasceno/Iges-DF