Hipertensão, diabetes, colesterol alto e sedentarismo são fatores de risco para as doenças cardiovasculares, que são as que mais matam no mundo.
Por: Manuela Correa/ Brasil61
Dia 29 de setembro é o Dia Mundial do Coração. A data tem como principal objetivo conscientizar a população dos riscos das doenças cardiovasculares, que são as que mais matam no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Elas foram responsáveis por 32% dos óbitos globais em 2019, o que representa 17,9 milhões de vítimas.
“O principal fator que leva essa alta mortalidade é justamente a falta de controle dos fatores de risco como a pressão arterial alta, diabetes, colesterol alto e sedentarismo, sem contar o fumo e o álcool. São todos considerados fatores de risco da doença cardiovascular”, explica o presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), Celso Amodeo.
O cardiologista diz que, em 60% dos casos de infarto, a responsável foi a hipertensão. Quando se trata de Acidente Vascular Cerebral (AVC), o número é ainda maior, 80% dos atestados de óbito mostram que a causa da morte foi a pressão arterial alta. “Isso acontece porque 35% da população adulta possui hipertensão arterial, mas apenas metade está em tratamento”, explica Celso Amodeo e reforça a importância do Dia Mundial do Coração para conscientizar a população a praticar exercícios físicos regularmente e ter uma alimentação saudável.
A pandemia, segundo o presidente da SBC, piorou o cenário de mortes por doenças do coração. “Primeiro, porque muitos serviços que atendiam ambulatoriamente e faziam a prevenção foram fechados; segundo, porque ao sentir sintomas de infarto como dor no peito, a pessoa tinha medo de sair de casa e acabava indo a óbito. A terceira coisa que levou ao aumento da mortalidade foi o aspecto da própria Covid-19, que pode gerar a miocardite que é uma inflamação do músculo do coração”.
Prevenção de problemas do coração
Estudo publicado nessa terça-feira (28) pela Universidade Federal de São Paulo, em parceria com a Universidade de Liverpool, do Reino Unido, mostrou que a redução de sódio nos alimentos industrializados no Brasil pode prevenir mais de 2,6 mil mortes em 20 anos. O excesso do uso do elemento químico está diretamente associado ao aumento da pressão arterial.
O autônomo Francisco Pereira, de 62 anos, descobriu ser hipertenso por acaso. Aos 47 anos, ele acompanhava a mãe, também hipertensa, e resolveu aferir a pressão e levou um susto, “Estava altíssima! Fui encaminhado imediatamente para o cardiologista”.
Desde então, Francisco, além de fazer uso contínuo de medicação, teve uma mudança brusca no estilo de vida, parou de beber e passou a ingerir alimentos mais saudáveis. Ele conta o que aprendeu com os especialistas: “É impossível fazer controle de hipertensão ou qualquer outra doença parecida sem uma mudança radical de hábitos. Tem toda uma lista de procedimentos que você faz com o auxílio do médico, passar a comer alimentos mais saudáveis, mais naturais, evitar frituras e industrializados, fazer exercício, evitar situações que te possam te deixar tenso, nervoso, que isso também dispara imediatamente uma crise hipertensiva.”
Francisco também conta que teve que parar de fumar, após 25 anos de uso diário do cigarro. “Eu fumava, cerca de uma carteira por dia, tinha dia que era até mais do que isso”. Segundo a Organização Pan-Americana de Saúde, a cada ano 1,9 milhão de pessoas morrem por doenças cardíacas causadas pelo tabaco, por isso o abandono completo do tabagismo é fundamental para preservar a saúde do coração.
O Ministério da Saúde informou, por nota, que até agosto deste ano a Atenção Primária (APS) do SUS, já registrou 18,1 milhões de atendimentos a pessoas com hipertensão, 2,3 milhões com obesidade e 411 mil às pessoas com risco cardiovascular.
Foto de Capa: Divulgação/Agência Brasil