GABRIELA OLIVEIRA (gabriela.jornalistavc@jornaldosudoeste.com)
Realizado no último sábado (23), no auditório do Centro Municipal de Atenção Especializada (Cemae), promovido pelo médico Renato Marinho Jorge Paulino, o I Simpósio Outubro Rosa: Saúde e Direitos da Mulher, abordou, em uma série de palestras e mesas redondas, além discussões temáticas da Saúde da Mulher – Câncer de Mama, Saúde Mental e Sexualidade, entre outros – Direitos Sociais e Econômicos, Empreendedorismo e ações preventivas e combate à Violência Doméstica e ao Feminicídio. A proposta, em alusão ao Outubro Rosa, teve por objetivo promover e incentivar a conscientização da sociedade em relação à mulher estimulando novas perspectivas de cuidado à Saúde e aos Diretos Sociais da Mulher. O evento contou com a participação, entre palestrantes e debatedores, de profissionais de notório conhecimento nas áreas da Medicina, Psicologia, Direito, Sociologia, Gestão, Segurança Pública e Política.
Responsável pela iniciativa, o Oncologista Renato Marinho Jorge Paulino, destacou que a ideia para a realização do Simpósio vem da necessidade em fomentar dos cuidados com a Saúde da Mulher dentro de uma perspectiva mais ampla, não apenas voltada exclusivamente para o Câncer de Mama, mas abrangendo diferentes contextos e realidades. “Quando a gente pensa no Outubro Rosa, pensa na mulher, mas acaba que as pautas relacionadas à Saúde sempre ganham mais espaço. A respeito do bem estar da mulher é sempre importante discutir sobre a prevenção ao Câncer de Mama, mas também avançar em relação a outros aspectos – Ginecológicos, Saúde Mental e também garantia dos Direitos Sociais e Econômicos – para que ela tenha condições de instruir as medidas clínicas que precisam ser realizadas”, pontuou.
O médico afirma ainda que é preciso promover também a discussão em torno de visões e vivências de profissionais que trabalham não apenas em prol da Saúde, mas também de Direitos e Segurança da Mulher. “Eu tenho me preocupado e orientado as pacientes para não se preocupar apenas com a doença, mas com a Saúde como um todo, mas tenho observado que muitas não conseguem, por questões socioeconômicas, principalmente. A preocupação se justifica na medida em que a mulher que consegue ter acesso aos exames preventivos e, eventualmente, ao tratamento do Câncer de Mama, estar vulnerável socialmente e exposta a ser vítima de violência e, em alguns casos, ao feminicídio”, sublinhou o Oncologista, reforçando o entendimento da importância da discussão dos temas propostos pelo Simpósio.
O Oncologista Leonardo Cunha Costa, o responsável técnico do Instituto Conquistense de Oncologia (Icon), um dos parceiros da iniciativa, destacou a importância do Simpósio como espaço para uma abordagem mais ampla da temática da Saúde da Mulher, que reforçou, abrange todas as áreas que o contexto social da atualidade exige. “No Outubro Rosa chamamos a atenção para a área de Saúde, falamos muito sobre Câncer de Mama. E o intuito desse Simpósio foi chamar a atenção para temas mais amplos. Questões polêmicas, como o feminicídio, a sexualidade. É um Simpósio voltado para ver a mulher em todos os aspectos, é isso que a gente busca, o que estamos querendo trazer nesse momento”, apontou o Oncologista.
A Hematologista e Hemoterapeuta Daniele Pedreira de Oliveira Guimarães, uma das debatedoras do evento, ressalta que essa integralidade e intensificação nos cuidados com a Saúde da Mulher abordada no Simpósio é extremamente necessária até mesmo para ajudar pacientes diagnosticadas com Câncer de Mama. Segundo a médica, “não adianta fazer rastreabilidade do câncer e a mulher não conseguir chegar em uma consulta por falta de dinheiro ou por não ter alimentação necessária, ou ser espancada e até morta por um companheiro”, ponderou.
Também presente ao evento e uma das palestrantes, a Delegada Titular da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) de Vitória da Conquista, Gabriela de Diego Garrido, relatou a importância de ampliar a discussão relacionada à violência, tanto física quanto psicológica, doméstica ou não.
De acordo com a Delegada, a violência doméstica (física ou psicológica) é considerada, segundo a Organização Mundial de Saúde, uma questão de Saúde Pública, que impacta diretamente não só a Saúde da Mulher, mas de toda a sociedade.
A Delegada Titular da Deam pontua ainda que o Brasil é o 5º país do mundo em número de feminicídios, e isso é um problema de Saúde Pública de extrema importância que precisa ser constantemente debatido na sociedade para que seja encontrada uma solução. Ela ressalta que essa problemática não é apenas uma questão de Polícia, como sugere o Estado brasileiro, mas exige ser visto sob os olhares de diferentes profissionais. “É necessário um tratamento multidisciplinar para as mulheres. É preciso investir na autoestima e na construção da identidade das mulheres, para que elas não se submetam a essa situação de abuso e violência. É preciso investir em políticas públicas de Educação para que a gente discuta igualdade de gênero, para que a gente discuta a discriminação de gênero, e que as novas gerações de mulheres possam ter uma vida mais seguras do que é apresentado atualmente”, sustentou a Delegada Gabriela Garrido.
Na avaliação do Oncologista Renato Marinho Jorge Paulino, idealizador da iniciativa, o evento atingiu as expectativas, que reforçou, era justamente chamar a atenção da sociedade para a necessidade de discutir de forma mais abrangente concepções e práticas profissionais, além de estimular novas perspectivas do cuidado à Saúde da Mulher. “Plantamos um semente”, ressaltou o Oncologista, promovendo o debate em relação ao que tem sido e deve ser feito, o que tem de errado e o onde é necessário mudar. “Através dessas discussões buscamos integrar as ações e propor medidas concretas. Buscar novas parcerias, multidisciplinar, envolvendo as áreas de Saúde, Jurídica, de Segurança Pública, Política, de Gestão e Administração. A junção de áreas diferentes visando um mesmo foco, que é a mulher”, concluiu o médico.