ACETILDES MAXIMIANO DA SILVA
SANTA MARIA
*26/07/1943†22/01/2015
SANTA MARIA, Acetildes Maximiano da Silva, nasceu em Brumado no dia 01/07/1942, filho de Alípio Maximiano Silva e Idelzuita Carvalho. Batizado no dia 31/10/1943 na Matriz pelo Pe. Antonio Fagundes, sendo padrinhos: Eurico Lula e Maria Lourenço de Carvalho.
Irmãos do primeiro casamento de Alípio: Jandira Maria Carvalho Alves e do segundo matrimônio: Clemilda, Bernadete, Bevaneide, Devanete, Cléria e Cleonice Lourenço de Carvalho e Gilcilene (1974) filha de Rigomar Dias Teles.
Trabalhou como ajudante de pedreiro ainda menino, depois pedreiro e encarregado de obras. Em idade de menino e na adolescencia fez muitas traquinagens com a sua turma de amigos, coisas da época, molecagem de menino travesso.
Na empresa Magnesita trabalhou de 1965 a 1979. Trabalhou também na empresa Cia Brasileira Projetos Obras-Cbpo em Barra Mansa no Rio de Janeiro e na Mendes Júnior. Em São Paulo trabalhou como segurança, onde se aposentou em 1995. Fez vários serviços como pedreiro autônomo em Brumado e outras localidades
Acetildes com a primeira mulher, Marília Pereira da Silva, tiveram os seguintes filhos: Elma, Ednalva, Selma, Roberto, Sérgio, Jorge e Zélia Pereira da Silva. Com a segunda mulher, Risomar Dias Teles, tiveram os seguintes filhos: Alcione, Francisco, Alice, Alcilene e Alcileide.
Jogador de futebol de campo (hoje o Campo dos Prazeres em Brumado leva o nome do futebolista brumadense Gilberto Cardoso) defendeu as equipes do Vasco de Livramento, o Real Atlético de Futebol (Brumado) e o time da Magnesita (Catiboaba), Humaitá de Vitória da Conquista, Atlético de Caetité e outros clubes. Santa Maria, boa prosa, contador de muitas histórias, foi um exímio jogador de futebol de campo. Atuava como zagueiro.
Negro, forte, físico avantajado, altura acima da média, vigoroso, era temido pelos atacantes adversários, jogava duro e, às vezes, violentamente, mas não era desleal.
Costumava “gozar” os adversários quando estes reclamavam da sua virilidade nas disputas pela bola. Retrucando, dizia: “Futebol é coisa para homem, moça fica em casa, cuidando da mamãe”.
Era muito requisitado e disputado pelas equipes locais: A Portuguesa, O Real e outras. Meu pai, Flavinho Torres, presidente da Associação Atlética Portuguesa, fez-lhe uma proposta para uma construção na fazenda. Santa Maria era, também, um bom pedreiro e muito cotado no mercado, pela sua competência e habilidade profissional. A proposta foi feita com a intenção de tirar o zagueiro da competição final do campeonato entre os clubes Portuguesa e Real, time em que Santa Maria atuava e era peça fundamental e imprescindível. Propôs pagar-lhe o dobro da diária que recebia na cidade, com direito a cama e mesa e exigia trabalho inclusive nos domingos, com pagamento triplicado nesse dia, uma proposta tentadora. Diante de tamanha vantagem, a proposta foi aceita. A Portuguesa venceu o Real.
A escadaria da Igreja Matriz é ponto de encontro de pessoas para um bate-papo e resenhas das notícias da política, do futebol, conversa informal e amenidades do dia-a-dia. Ponto dos aposentados – “jogar conversa fora” – uma maneira de ocupar o tempo ocioso. Foi lá que Santa Maria contou-me a seguinte história: ele fora contratado pelo prefeito de uma cidade vizinha, para executar a construção de bueiros, e o engenheiro, secretário de obras do município, encarregou-se de fazer o contrato para a execução dos serviços.
Em uma das cláusulas do contrato, rezava que INCLUSIVE a retirada do entulho ficaria por conta do contratado. Acetildes pressentiu, quando estava prestes a terminar a obra, que teria prejuízo se arcasse com as despesas da retirada do entulho e, sabendo que a prefeitura tinha máquina para execução dessa finalidade, deu uma de desentendido e entregou os serviços como concluídos.
O prefeito alegou que ele não havia cumprido o contrato, e o restante do pagamento só seria efetuado após a conclusão dos serviços. Então o empreiteiro protestou: “Como não? Está concluído sim, prefeito! Mande o engenheiro vistoriar a obra para a comprovação”. Com a confirmação do engenheiro de que não havia sido retirado o entulho, Santa Maria justificou que tinha cumprido à risca o que fora acertado.
E o entulho? – Questionou o engenheiro. – Pois é, doutor, INCLUSIVE a retirada do entulho. No seu entendimento, INCLUSIVE era fora. Criou-se uma celeuma por conta do léxico, pois, na “compreensão” do pedreiro era o contrário o significado da palavra. Diante da confusão, o prefeito cedeu aos argumentos de Acetildes, levando em conta a sua condição de homem de pouca escolaridade.
Em outra oportunidade, fora chamado pelo mesmo prefeito para confecção de nova obra, e mandou que o obreiro contratasse um advogado e fizesse o contrato para análise do contencioso da prefeitura. Santa Maria mandou fazer uma proposta na qual continha a palavra INCLUSIVE, objetivando ser da responsabilidade dele os materiais empregados. O prefeito leu o documento e foi enfático em rechaçar a palavra INCLUSIVE: – Pelo amor de Deus, seu Acetildes! Exclua essa palavra que já nos causou muita confusão, aborrecimentos e prejuízos. Substitua-a por outra do seu linguajar e entendimento, para não termos outro mal-entendido.
Chamou o engenheiro secretário e pediu-lhe que substituísse a palavra INCLUSIVE do contrato por palavra do conhecimento do empreiteiro, para que não houvesse nenhuma dúvida, que o texto fosse bastante explicitado. Foi assim que o empreiteiro, com sua sagacidade, safou-se do prejuízo previsto se tivesse de cumprir o contrato conforme fora elaborado.
- Adendo em 22/01/2015: Faleceu nesta data Acetildes Maximiano da Silva, Santa Maria. O corpo está sendo velado no Salão Paroquial de Brumado e será enterrado no dia 23/01/2015 às 8 horas (manhã) no cemitério municipal Senhor do Bonfim.
- Santa Maria escreveu a sua história nas páginas mais gloriosas do futebol regional. Declaração do admirador Cleomenes Barreto.