Fazendeiro, solteiro e rico, tinha fama de sovina. Não dava gorjeta nem fazia caridade. Era agiota, egoísta e ambicioso. Pensava exclusivamente em si. Homem de poucos amigos. Construiu um invejável patrimônio. Em suas Fazendas, fazia plantio de diversas culturas. Criava gado vacum de corte e de leite. Era um elemento de posses, cuja fortuna, muitos põe dúvida sobre essa riqueza. Dizem que tinha um trato com o Demo para se tornar rico.
Com todo esse patrimônio e bem sucedido financeiramente, justificava ser amparado na velhice por interesse de quem o cuidasse.
Na idade em que se encontrava não tinha mais disposição para as atividades do cotidiano. Os parentes mais íntimos, interessados na herança, eram quem cuidava dele e dos seus interesses. Tudo supervisado pelo sovina.
Sem amigos vivia solitário, deitado em uma rede na varanda da casa, sede da fazenda denominada Fortuna, sua preferida, apreciando o tempo, fumando um cigarro de palha, contava os carneirinhos formados pelas nuvens no céu, olhava os urubus rodeando o ambiente a procura de alimentação, provocada pela seca inclemente do sertão, onde os animais morriam por falta d’água e de comida e levando sofrimento aos humanos. Assim permanecia até que o sono chegasse.
As pessoas de antanho, por não existir casa bancária, guardava o seu dinheiro e joias valiosas em um pote de barro e enterrava até que fosse necessário à sua utilização.
Com esse fazendeiro sovina aconteceu um caso interessante: sonhou que, uma alma penada, em busca da salvação, solicitou dele a retirada de um pote com muito dinheiro e joias, pois quem se utilizasse desse procedimento, aqui na terra, seria privilegiado com o tesouro resgatado e, consequentemente, o ofertante tinha a salvação da alma.
A visão que teve foi como se a alma caracterizada de humano estivesse conversando com ele. Indicou-lhe a localização, onde estava enterrado “o tesouro” e, o orientou que o serviço fosse executado na meia noite de uma sexta-feira.
Por conta da idade avançada não tinha mais motivação para essa empreitada. Chamou um vizinho, contou o acontecido e lhe confiou a missão detalhando o fato: “O pote está enterrado entre a Igreja e o cemitério”. “Recomendou também que tomasse as devidas precauções para o cumprimento da missão e, ambicioso, solicitou que o conteúdo fosse divido entre eles, meio a meio”.
Ocorre que o vizinho ao cavar para a retirada do pote, fortuna oferecida pela alma penada, surpreendeu-se, pois, no pote só havia cinzas. Diante desse fato concluiu que foi enganado pelo coronel, uma brincadeira de mau gosto. Ou seria obra do Além? Tirou o pote com todo cuidado, cobriu o “tesouro encantado” e levou para o fazendeiro que lhe deu essa incumbência.
Indignado, atirou o pote no alpendre dizendo: Aí está a sua fortuna, você me fez de bobo, me enganou. Quando o pote se espatifou no chão, moedas de ouro e joias se espalharam por toda a varanda.
Então o fazendeiro sovina avaliou: “o que é do homem o bicho não come”. A alma penada deu a mim e não a ele. A fortuna foi parar em suas mãos sem que ele fizesse qualquer esforço para esse desiderato.
Depois desse episódio a noticia se espalhou e a fazenda onde se deu o fato passou a ser denominada pelos vizinhos como ‘fazenda das Almas”. Se o elemento era rico, ficou milionário. Sorte á para quem tem.
Conta-se que aqui em Brumado na construção do Supermercado Carvalho, um indivíduo solicitou permissão ao proprietário, para resgatar uma oferta de uma alma penada, cujo ‘pote de dinheiro’ se encontrava enterrado no fundo da construção. Deu ao vigia a devida permissão.
O elemento retirou o pote de dinheiro que estava enterrado na área da construção. Fez isso à noite. No dia seguinte foi constatado um buraco cavado onde supostamente estaria enterrado o pote que a alma penada dera ao indivíduo, para a salvação de sua alma.
O sujeito tomou rumo desconhecido, não se conhece a sua identidade, será que foi um fantasma ou imaginação de quem contou essa história ou ela é verossímil.
Acredite se quiser.