Naquela longínqua data — para os padrões do ser humano, pois para a
História é menos que um grão de areia —, que dá título a esse artigo, eu me
iniciava no Magistério, mais precisamente na então “Byte Computadores”, onde
tinha feito um curso de “BASIC e DOS 3.3” e, tendo me destacado como
estudante, fui convidado a integrar o Corpo Docente daquela conceituada
Instituição, mantenedora de cursos livres na área de Informática.
Bem, iniciada a minha carreira docente aos 19 (dezenove) anos, não mais
parei e espero só terminá-la, com minha desencarnação, não com minha
aposentadoria, que se aproxima!
Muitas foram as Instituições que tive a honra de lecionar. Sintetizando,
passo a contar que atuei e ainda atuo, nos mais diferentes e diversos graus e
modalidades do sistema educacional brasileiro — da Educação Infantil à Pós-
Graduação, “lato” e “stricto” “sensu” —.
Ao longo desses 35 (trinta e cinco) anos, tive, seguramente, mais de
100.000 (cem mil) estudantes! Afinal, ainda no início da carreira docente, fui
professor de quase a metade dos 1.200 (hum mil e duzentos) estudantes do
“Centro Educacional Senhora de Nazaré (CESNA)”, 1992, do nosso saudoso
Professor Misael.
Atuei com formação docente, com a minha “Recriando Assessoria
Pedagógica”, prestando serviços às pessoas físicas e jurídicas, além de pessoas
físicas de Direito Público Interno (Municípios).
Prestei concurso público para a nossa “Universidade do Estado da Bahia
(UNEB)”, onde iniciei minha carreira no então denominado “Ensino Superior”,
sendo aprovado em 1o lugar (uma vaga para 13, treze candidatos), disciplina
Estrutura e Funcionamento do Ensino de 1o e 2o Graus, curso de Pedagogia, da
então “Faculdade de Educação de Serrinha (FES)”, em 1994, aos 25 (vinte e
cinco) anos, sendo um dos professores mais jovens da nossa “UNEB”. Lá fiquei
por 8 (oito) longos anos, 1994-2002, até o meu pedido de exoneração,
* Mestre em Educação/UFBA. Advogado/UCSAL. Licenciado em Pedagogia/FEBA.
Coordenador Pedagógico na Escola Assistencial Municipal Nossa Senhora de Guadalupe,
da rede municipal de ensino do Município de Salvador, Bahia. Consultor. Autor nas Áreas
de Educação e Direito. E-mail: wanderleyribeiro@uol.com.br
lembrando o famoso poema de Luís de Camões, retratando o amor bíblico de
Jacó e Raquel:
“Sete anos de pastor Jacob servia
Labão, pai de Raquel, serrana bela;
mas não servia ao pai, servia a ela,
e a ela só por prêmio pretendia.
Os dias, na esperança de um só dia,
passava, contentando-se com vê-la;
porém o pai, usando de cautela,
em lugar de Raquel lhe dava Lia.
Vendo o triste pastor que com enganos
lhe fora assim negada a sua pastora,
como se a não tivera merecida;
começa de servir outros sete anos, dizendo:
— Mais servira, se não fora
para tão longo amor tão curta a vida”.
Cito, aqui, o Prefácio do nosso Prof. M.Sc. Fernando Floriano Rocha, no
nosso “Vestibular Cassificatório: como, por que e para quem?”, Salvador, Editora
Universitária Americana, 1994:
“Conheci o Professor Wanderley Ribeiro no Curso de
Especialização em Educação Brasileira, promovido pela
Faculdade de Educaçao da UFBA. O fato de buscar o
aperfeiçoamento fazendo um curso de Pós-Graduação já
revela a sua preocupação com o próprio crescimento
intelectual, o interesse em investir em si mesmo, buscando
crescer profissionalmente.
* Mestre em Educação/UFBA. Advogado/UCSAL. Licenciado em Pedagogia/FEBA.
Coordenador Pedagógico na Escola Assistencial Municipal Nossa Senhora de Guadalupe,
da rede municipal de ensino do Município de Salvador, Bahia. Consultor. Autor nas Áreas
de Educação e Direito. E-mail: wanderleyribeiro@uol.com.br
[…]
Apresenta, nas suas páginas, […] resumo histórico do
vestibular, que teve diferentes nomes ao longo dos tempos,
mas visou, sempre, a mesma coisa: escolher os muitos que
deveriam e devem ficar fora da universidade, pois poucos
são os que conseguem entrar, geralmente os mais
aquinhoados de sorte, ou pela fortuna.
Os dados apresentados confirmam uma realidade: a escola
superior, pública, serve a candidatos de camadas
privilegiadas da população; a escola privada, fica para o
estudante pobre, que trabalha para pagar por um ensino de
qualidade duvidosa”.
Lembro, ainda, do Prefácio de “Educação em Jornais: artigos para
discussão”, onde reuni em capítulos, cerca de 30 (trinta) artigos publicados
nesse Matutino, na “Tribuna da Bahia” e ainda no “Bahia Hoje”. Transcrevo, aqui,
trecho do Prefácio que nosso querido Prof. Dr. Edivaldo Machado Boaventura
escreveu, em 26/02/1995p.p.:
“Para mim, é um prazer colocar uma palavra introdutória
neste livro. Como jovem professor, Wanderley dispõe de
uma boa experiência em Informática, do conhecimento do
Inglês, da prática inovadora da sala de aula e,
principalmente, da capacidade de escrever. Wanderley
Ribeiro, por extenso Nelson Wanderley Ribeiro Meira, tem
todo um potencial a manifestar e a trabalhar com seus
alunos”.
Ano seguinte, fui aprovado para a Seleção Pública Docente, na mesma
disciplina e Legislação do Ensino, sendo aprovado em 1o lugar (11, onze,
* Mestre em Educação/UFBA. Advogado/UCSAL. Licenciado em Pedagogia/FEBA.
Coordenador Pedagógico na Escola Assistencial Municipal Nossa Senhora de Guadalupe,
da rede municipal de ensino do Município de Salvador, Bahia. Consultor. Autor nas Áreas
de Educação e Direito. E-mail: wanderleyribeiro@uol.com.br
candidatos, duas vagas), na “Faculdade de Educação (FACED)”, da querida
“Universidade Federal da Bahia (UFBA”).
Custa-me lembrar disso tudo, sem molhar os olhos…Fernando Floriano
Rocha, que considerava como um querido tio, brincalhão; Edivaldo Machado
Boaventura, meu pai intelectual; a saudosa Nívea Fraga Rocha, com sua
delicadeza e competência; a prezada Maria Auxiliadora Ramos, também
advogada, o nosso querido Prof.. Dr. Alírio Fernando Barbosa de Souza, também
colaborador desse Matutino…
Não vou ficar aqui listando Instituições e ex-professores (as), agora
colegas e amigos (as), pois correria o risco de esquecer de algum (a), além de
não ter espaço suficiente.
Quero finalizar, contando um dos casos — dos muitos que já contei aqui,
“N’a Tarde”, como “A Filha de Serrinha” —, que tanto comoveu meu saudoso
irmão mais velho, Dr. Nelson José Ribeiro Meira, Médico-Veterinário, que
desencarnou tão jovem, aos 40 (quarenta) anos, de infarto.
Em 1994, desenvolvi um projeto aliando teoria à prática, onde os (as)
estudantes iam às escolas do Município de Serrinha, Bahia, verificar se o quê
estudávamos em sala de aula, era praticado, ou era apenas, como se diz
popularmente, “Para inglês ver”. Desci do táxi. Estava tentando chegar ao portão
da referida Escola, pois, como chovera na noite anterior e não havia o tratamento
devido, estava cheia de lama e um fedor insuportável fora e dentro daquele
santuário do saber formal. Foi quando, senti um menino, que deveria ter uns 7
(sete) para 9 (nove) anos, puxando a manga do meu paletó e perguntar-me: “O
senhor é o Secretário de Educação, é”? Naquele momento, minha garganta
“travou”! O quê aquela criança queria dizer, em verdade, era,”Se o senhor for o
Secretário, dê dignidade a gente. Todo dia a gente passa por isso. Esse fedor
insuportável. A escola só tem 1 (um) banheiro para os (as) alunos e 1 (um) para
os (as) professores (as) e, quando chove, como se diz popularmente, ‘Chove
mais aqui dentro, do que lá fora’”.