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José Maria Viana Machado 06/03/1935 Primeiro Locutor de Brumado

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José Maria Viana Machado, conhecido por Zé Maria da Divulgadora, filho de Alvino Machado e de Edith Vianna Machado, nasceu em 06 de março de 1935, em Brumado. São suas irmãs biológicas: Maria Dolores, Henaide, Terezinha, Maria Helena e Maria de Jesus, além da ‘irmã’ de coração Célia Maria.

Foi seu professor na infância Ludgero Ribeiro França (Pequitito), posteriormente estudou na escola Getúlio Vargas com as professoras Nice Publio da Silva Leite, Altair Publio, Miriam Azevedo, Dona Helena – irmã de D. Homero. Fez admissão ao Ginásio General Nelson de Mello, onde estudou.

Com 10 anos de idade, foi, coroinha na Igreja Matriz do Bom Jesus. Monsenhor Antônio da Silveira Fagundes sugeriu levá-lo a estudar para padre, em Caetité, mas ele desistiu por não ter vocação, fato que o desviou desse desiderato.

 Aos 15 anos foi trabalhar em Caculé, na padaria Santa Inês, propriedade dos tios Iaiá e Sizino Viana, permanecendo nesse emprego por dois anos. Trabalhou com seu Zequinha Pereira em Vitória da Conquista por um ano, entretanto, adolescente, bateu-lhe a saudade da família e a solidão fizeram-no voltar para a terra natal.

 Por volta de 1950, foi admitido no Armarinho Nossa Senhora do Rosário, de propriedade do senhor Oflávio Silveira Torres, Flavinho, onde desempenhou a função de balconista, tornando-se pessoa de extrema confiança do patrão, que o tinha na conta de gerente, uma vez que ele era “o faz tudo” das suas empresas. Projetava e divulgava filmes, apresentava novelas, programas musicais e de calouros, e políticos.

 Locutor da PRVB – Serviço Radiofônico a Voz de Brumado, primeiro serviço radiofônico de Brumado, consagrou-se como o pioneiro nessa profissão.   Em uma propaganda anunciava: “Estão ouvindo a PRVB a voz de Brumado um patrocínio do Armarinho Nossa Senhora do Rosário, aquele gigante azul bem no centro da cidade”.

  Na abertura noturna da PRVB, precisamente às 18h, inicialmente, lia a Oração de Ângelus, uma prece à Virgem Maria, que ia ao ar todos os dias, conquistando os corações dos devotos da Virgem Maria.

Quando chegaram as máquinas e os acessórios para implantação do cinema, foi feito um teste com as máquinas (três) – duas americanas e uma japonesa, porém as imagens e o som das vozes ficavam deformadas. Por não conseguirem êxitos nas tentativas, levaram os aparelhos para serem verificados por um engenheiro da Magnesita S.A. e o mesmo constatou que tudo estava normal. Relatou o engenheiro: As máquinas funcionam com frequência de energia de 60 Hz e o motor que fornece energia para o cinema, produz energia com frequência energética de 50 Hz.  Com a troca do painel, solucionou-se o problema.

 Conta Zé Maria que, quando surgiu o cinemascope, foi necessário adaptação das lentes de 16mm, para 35mm, exigidas para essa exibição.

 Projetor do Cine Cairu, o primeiro cinema de Brumado, fazia os cartazes, anunciava as exibições dos filmes, e era também, animador de programas de calouros realizados aos domingos no palco do cinema, com distribuição de prêmios e brincadeiras que divertiam o público. Com participação ativa no evento, apresentou vários artistas de fama nacional e internacional no palco do Cine Cairu.

Na abertura dos trabalhos da PRVB anunciava: “Nesse momento, dá-se início aos trabalhos de difusão radiofônica”. Zé Maria exibia um programa musical, com músicas variadas, que despertava o interesse popular.  Certa vez, uma senhora apaixonada encomendou-lhe um quarto de hora musical e dedicou-o ao seu amado com os seguintes dizeres: “De alguém para alguém, com muito carinho!” E era retribuída pelo amado com o mesmo diapasão. Só os protagonistas e o anunciador tinham conhecimento do colóquio amoroso que se revestia de segredo total.

Participou como locutor e apresentador do Centenário de Brumado, festa dos 100 anos de emancipação política, patrocinada pela Prefeitura Municipal, sendo prefeito na época o senhor Agamenon Lima de Santana.

Em 14 de agosto de 1960, Zé Maria Viana Machado fez parte, como secretário, da instalação do comitê pró eleição do Marechal Henrique Teixeira Lott para presidente da República, por indicação de Oflávio Torres e, dessa forma, deu a sua contribuição política nesse pleito, com significativa participação.

Em 1963, conheceu o Dr. Walter Martins de Andrade, gerente da Magnesita S/A, e pediu-lhe um emprego nessa empresa, com o intuito de ter um melhor salário, pois nela o estipêndio, na época, era considerado um dos maiores, senão o maior da região.  O seu pedido foi atendido e indicado para trabalhar no almoxarifado da empresa, permanecendo lá de março de 1963 até 1987.  Se aposentou por tempo de serviço. Contava com 33 anos de serviços prestados. Concomitantemente, exercia o serviço radiofônico em sua divulgadora e, passou a ser conhecido como Zé da Divulgadora.

Depois, Zé Maria passou a fazer propagandas comerciais e também anúncios de óbitos por meio de carro volante de sua propriedade. Nesse particular, é conhecido pela sua atuação sui generis: identificava o falecido pelas suas qualidades profissionais e outras que o caracterizasse. Com essa informação, os ouvintes tomavam conhecimento sobre a pessoa a quem referia a nota fúnebre.

LEMBRANÇAS DE ZÉ MARIA.

COMENTÁRIOS:

  • Na década de 1940 houve um eclipse total do sol que ocorreu às 10 horas. O dia virou noite, os alunos da escola se apavoraram com essa situação. Dizem que o galo cantou e as galinhas foram para o poleiro dormir.

  • Nesse tempo, só existia um rádio na prefeitura e que era manobrado por seu Arthur Revenster que ligava para ouvia a voz do Brasil.

  • Em 1954, com a morte de Getúlio Vargas, por falta de comunicação, só tomamos conhecimento do fato, mais tarde.

  • No dia 7 de setembro, em comemoração à independência do Brasil, a professora Nice Publio de Castro, me acordava às 5 horas para a alvorada na divulgadora, tocava-se o Hino Nacional e anunciava-se a programação do evento.

  • Lembro-me também que no Armarinho N.S. do Rosário se vendia a revista O Cruzeiro e o Jornal A Tarde, único lugar que tinha esses noticiários.

  • Contou que, em 05 de março de 1968, com a informação fornecida pelo chefe da estação ferroviária, recebido pelo Morse, imediatamente, ele alertou através da PRVB o grande volume de água que estava descendo e que a população brumadense se prevenisse. A água da enchente passou por cima do lastro da ponte. Entre a ponte e a linha férrea só ficou um sobradinho, o mais o Rio do Antonio, na fúria caudalosa, levou tudo. Foi uma calamidade.

  • Certa feita, divulgando o programa “Folha de Urtiga”, na PRVB, um noticiário político, com críticas aos projetos realizados pelos gestores públicos. Determinado vereador que tinha problemas de audição, maliciosamente, alguém falou para ele que no programa radiofônico, falava-se mal da sua pessoa e da sua atuação política. Indignado, com tal informação, se armou e, foi tirar satisfações com o divulgador da notícia. Achava-se presente no estúdio, apenas, o locutor Zé Maria e o produtor do programa, seu Pequitito, que divulgavam, também, outras notícias. A verdade foi, então, esclarecida e se desfez o mal-entendido.

  • Disse ainda que através da PRVB, com redação de Ludgero França Ribeiro e Oflávio Torres, fazia-se o inventário de Judas, no sábado de Aleluia, com críticas, sátiras engraçadas e humorísticas de espírito gozador, dirigidas com subterfúgios, às elites.  Nesse programa se criticava, também, as instituições e as ideias dos políticos retrógados, com estilo irônico e mordaz, fato que revoltava os criticados.

  • Possui várias fotografias, discos de vinil 78 RPM, CDs, DVDs de Ângela Maria, que a acompanha desde o início da sua carreira.  As marcas do tempo não foram suficientes para modificar a sua idolatria pela cantora. Continua seu fã ardoroso, e, ao vê-la na televisão, ele não perde a oportunidade para elogiá-la.

Zé Maria é uma personagem bastante querida. Todos que o conhecem têm por ele um grande apreço, pois é incapaz de cometer maldade contra qualquer pessoa. Seu coração não abriga mágoas nem rancores.

É um cidadão amoroso, de bom coração, de bom caráter. Com relação à sua família, pode ser considerado como Bom Samaritano, por ser arrimo da família. Primogênito, ajudou seus pais a cuidar da manutenção do lar e da criação das suas irmãs. Dedicou aos pais um tratamento modelar, especialmente à sua mãe, dona Edith – por quem nutre uma verdadeira admiração – mulher considerada como exemplo de pessoa que consagrou aos filhos o carinho e o amor incondicional de mãe.

É um brumadense que honra a sua terra e dignifica a sua família pelo comportamento exemplar de uma trajetória de vida honesta, durante a qual tem cumprido o seu papel social de cidadão, pautado pelo trabalho e exemplo de dignidade.

É com grande satisfação que lhe presto esta merecida homenagem. Ao amigo José Maria Viana Machado, Zé Maria da Divulgadora, pioneiro da comunicação em Brumado, as nossas congratulações pela sua idiossincrasia que nos conquista com sua simplicidade.

Foi comemorado em 07 de março de 2015 o aniversário dos seus 80 anos, com missa em ação de graças pelo evento na Igreja Matriz e, um café da manhã, realizado na casa paroquial, com a presença de parentes e amigos.

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