Durante o período das ameaças recíprocas, Putin preparava a invasão e desdenhava as sanções que seriam impostas pela OTAN dizendo-se suficientemente precavido para que elas não afetassem a Rússia.
Putin atacou, então, uma nação livre, valendo-se dos mesmos argumentos de Hitler (lebensraum, ou espaço vital) e fazendo a roda da História girar no sentido inverso. Enquanto este falava na unidade do povo germânico (1), Putin sonha com “recompor” uma suposta unidade do povo eslavo (2). Não gosto desse tipo de coisa. Fazendo uma analogia, pergunto: e se aparecer alguém, na América, querendo restabelecer a unidade do povo ibérico (ou, quem sabe, visigodo) no continente? Loucura imperialista, coisa de quem se crê regente geral da História.
O ditador russo soube, desde a invasão da Crimeia (2014), que não haveria reação militar por parte da OTAN contra a invasão da Ucrânia. Ao virar terrorista, ele já tinha conhecimento das manifestações populares de rejeição à invasão em todo o mundo livre. (Do jeito em que as coisas andam talvez fosse melhor falar em mundo mais ou menos livre, ou mais livre do que o mundo dele, Putin, mas vá lá.)
No entanto, quando o que era previsível se tornou evidente, com as sanções postas em prática, com a Bolsa caindo 45%, com os papéis russos sendo cotados como lixo, com o rublo perdendo 30% de seu valor, Putin adotou a mais insana de suas reações e comunicou ter colocado suas instalações nucleares em alerta máximo.
Isso não é uma cartada. O nome é terrorismo! É apostar no terror subsequente à ameaça. Num mundo onde existe armamento nuclear bastante para explodir todos os planetas do sistema solar, ameaçar usá-las é um ato contra a humanidade inteira.
Com a palavra o povo russo, a quem cabe dar um jeito nesse cara.
(1) Conjunto dos povos primitivos que povoavam a Europa ao norte do Império Romano.
(2) Conjunto de povos primitivos que povoavam o leste da Europa.