Estudo foi feito por 17 universidades do Brasil e uma do Chile e também mostra que 68% da população poderá estar acima do peso. Estimativas preocupam pelo risco de Doenças Crônicas não Transmissíveis (DCNT) e o aumento no fluxo de atendimento no Sistema Único de Saúde (SUS).
Por: Rafaela Soares/Brasil 61
Nesta sexta-feira (4) é marcada como Dia Mundial da Obesidade e um estudo feito por 17 pesquisadores de universidades brasileiras e uma chilena mostra que, em 2030, o Brasil poderá ter 26% da sua população obesa. O número é ainda mais preocupante quando se fala em população acima do peso – esse índice pode chegar a 68%.
Os estudiosos explicam que isso pode impactar na saúde pública, já que o excesso de peso e a obesidade aumentam os risco de várias Doenças Crônicas não Transmissíveis (DCNT) e, com isso, mais pessoas buscam atendimento no Sistema Único de Saúde (SUS).
Segundo a nutricionista Allana Cardelino, a obesidade é uma doença que vai criando inflamações todos os dias no nosso corpo. “Isso gera uma série de malefícios, de doenças no nosso corpo. Vai aumentar o risco de diabetes, hipertensão, doenças cardiovasculares, resistência à insulina, aumento do colesterol, do triglicerídeo, distúrbios do sono e de humor, compulsões alimentares. E a gente já sabe que hoje, a principal causa de cânceres que poderiam ser evitados são por conta da obesidade aqui no Brasil.”
A pesquisa também mostra que os índices já estão aumentando. A porcentagem de pessoas com excesso de peso aumentou de 42,6% em 2006 para 55,4% em 2019. Já a obesidade saltou de 11,8% para 20,3% no mesmo período.
Os principais fatores de risco para DCNT são tabagismo, consumo abusivo de álcool, alimentação não saudável e inatividade física.
Segundo o cirurgião geral, bariátrico e do trauma, Vinícius Reis, o índice de massa corporal (IMC) é critério utilizado de forma universal. O número é o resultado do peso dividido pela altura do quadrado. “Isso vai gerar um índice onde o IMC ideal ou perto do que a gente necessita seria entre 18 e 25. Acima disso, de 25-30, tratamos como sinal de alerta, chamando de sobrepeso. E a partir de 30% de massa corporal, a gente já considera portador de uma doença grave e crônica chamada obesidade”, explica.
O médico também explica que existem graus de obesidade: entre 30 a 35, se classifica como obesidade grau 1; de 35 a 40, obesidade grau 2 e acima de 40, obesidade mórbida ou obesidade. Os índices são importantes para classificar o grau da doença e indicar o melhor tratamento.
Superação em hábitos
São em postagens nas redes sociais que a influencer Stefanny da Silva Machado, moradora do Rio de Janeiro, mostra a sua evolução. Ela conta que não se reconhecia no próprio espelho e não conseguia achar roupas para vestir.
Com a ajuda da musculação, treinos e dietas, sempre acompanhada por profissionais, ela ressalta que hábitos e disciplina são essenciais para vencer a doença. “ Hoje em dia, eu uso aliados, mas nada vai mudar se você não conseguir planejar sua alimentação, treino.”
E essa mudança pode ser com atos simples. Allana afirma que o principal não é retirar essas coisas “não saudáveis” da alimentação, e sim adicionar hábitos saudáveis. “Adicionar um exercício físico três vezes na semana, uma caminhada, um polichinelo do lado da cama, subir e descer escadas, beber mais água. São coisas que todo mundo consegue fazer.”
O Dr. Vinícius também explica que vários profissionais, como nutricionistas, psicólogos e cirurgiões, em caso de uma possível operação bariátrica, devem estar envolvidos no tratamento. “Por ser uma doença multissistêmica, que envolve a parte orgânica, psicológica e social, precisamos ter em mente que o tratamento também deve girar em torno dessas esferas. O tratamento precisa ser multidisciplinar.”
Custos
A pesquisa, que foi publicada neste ano, trouxe dados sobre o custo do sobrepeso e obesidade no Sistema Único de Saúde (SUS). Segundo dados do estudo, o gasto anual em 2019 do com DCNT foi de R$ 6,8 bilhões, desses, estimou que 22% desse valor, R$ 1,5 bilhão, podem ser atribuíveis ao excesso de peso e obesidade.
Estado | Custo Atribuível (2019) |
Acre | R$ 2,31 milhões |
Amazonas | R$ 14,79 milhões |
Roraima | R$ 2,07 milhões |
Pará | R$ 26,28 milhões |
Amapá | R$ 2,23 milhões |
Rondônia | R$ 8,38 milhões |
Mato Grosso | R$ 15,95 milhões |
Maranhão | R$ 22,22 milhões |
Tocantins | R$ 5,62 milhões |
Distrito Federal | R$ 45,86 milhões |
Piauí | R$ 15,75 milhões |
Ceará | R$ 44,54 milhões |
Rio Grande do Norte | R$ 23,11 milhões |
Paraíba | R$ 19,68 milhões |
Pernambuco | R$ 57,78 milhões |
Alagoas | R$ 17,25 milhões |
Sergipe | R$ 8,95 milhões |
Bahia | R$ 71,62 milhões |
Minas Gerais | R$ 178,72 milhões |
Espírito Santo | R$ 34,56 milhões |
Rio de Janeiro | R$ 101,70 milhões |
Goiás | R$ 45,86 milhões |
Mato Grosso do Sul | R$ 23,25 milhões |
São Paulo | R$ 359,69 milhões |
Paraná | R$ 154,73 milhões |
Santa Catarina | R$ 84,24 milhões |
Rio Grande do Sul | R$ 135,01 milhões |