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Mulheres!

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Em todo o reino animal o homem não tem afeição igual. Não a encontra no cão que lambe a mão que lhe bate nem no semelhante que logo rebate. Nada supera o sentimento em relação ao homem que vai no coração da mulher. Por isso, o melhor amigo do homem, para mim, é a mulher.

Deus a Criou, naquele que foi o derradeiro e o mais inspirado instante da Criação. O homem, porém, em vez de celebrar a preciosa dádiva, dela se prevaleceu, inventando o machismo, com suas grosseiras interdições, discriminações e preconceitos. Os anos passam, as gerações se sucedem, homens e mulheres envelhecem e morrem, a civilização avança, e os descendentes de Adão continuam, majoritariamente, sem entender de mulher. E desperdiçam, assim, o privilégio que lhes adveio da costela excedente com que ela foi feita.

Compartilho com os leitores reflexões a que me conduz o Dia Internacional da Mulher, a mais preciosa das fêmeas da natureza e a única, aliás, que Deus criou com um olho no que fazia e o outro no homem. E me entristece a forma como, apesar disso, ainda hoje se obrigam as mulheres a chamar atenção para os desvios de relacionamento a que resultam submetidas por aqueles com quem, por destino e mandato se deveriam harmonizar.

A meu juízo, o que mais notabiliza o vínculo que a metade feminina da humanidade mantém com a outra metade é que ele, apesar de tudo, independe de retribuição. Se dependesse, a espécie já teria desaparecido! Há que reconhecer: a mulher está para o homem assim como o homem deveria estar para a mulher e não está.

Não haveria, pois, com que saldar tantos débitos – milenares débitos! –   se os devêssemos resgatar. Em vista disso, amiga, pise como se o tapete fosse vermelho e posto para si. Empine o nariz como se aspirasse o buquê das flores que não lhe demos. Ouça, na voz dos ventos, os galanteios que se perderam em nossos lábios. Não permita que nosso modo rude de ser a faça perder a capacidade de sentir o efeito que sua presença produz. Ainda que tenhamos tanta dificuldade de expressar isso.

*Publicado há 20 anos no Correio do Povo, no Dia da Mulher (8 de março de 2002), com o título “O melhor amigo do homem”.

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