Comportamentos gerados por alterações sensoriais por vezes são confundidos com birra por pais e professores
Por: Brisa Carvalho
O Dia Mundial da Conscientização sobre o Autismo é lembrado neste sábado, 2 de abril. A data tem o objetivo de informar e conscientizar a sociedade sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA). Entre as características mais identificadas nas pessoas com essa condição estão os atrasos no desenvolvimento de habilidades cognitivas, sociais e comunicativas. No entanto, alguns sinais que indicam a presença do transtorno às vezes passam despercebidos por pais e educadores.
Mary Makhoul, coordenadora de Saúde e Prevenção da Federação das Apaes do Estado da Bahia (Feapaes-BA) e diretora da Apae de Feira de Santana, explica que alterações na visão, no olfato, na audição, no paladar e na coordenação motora são frequentes em pessoas com TEA. “Os indivíduos com essa condição possuem uma disfunção sensorial, por isso estão mais propensos a desenvolverem sensibilidade a elementos como sons, luzes, cores e texturas”, conta Mary.
A coordenadora explica que a forma como a criança com TEA encontra para expressar um incômodo físico ou sensorial é comumente confundida com birra e mau comportamento. “Andar de forma desajeitada, bater com os calcanhares no chão e não atender quando é chamado verbalmente são outros exemplos de hábitos que podem ser vistos como malcriação”.
Makhoul lista outros sinais de alterações sensoriais que podem indicar o TEA. São eles: andar na ponta dos pés; encarar objetos que rodam; fazer movimentos repetitivos; possuir alta tolerância à dor; recusar alimentos pelo odor, cor ou textura; não estabelecer contato visual; aparentar uma falta de sensibilidade ao frio e ao calor etc.
Segundo Mary, o diagnóstico, o acompanhamento médico e a compreensão do distúrbio sensorial podem facilitar a vida das crianças com autismo. “Seja em casa ou na escola, é importante que os responsáveis busquem diminuir certos estímulos e possíveis situações de estresse”, conta.
A coordenadora afirma que a família pode se antecipar diante de problemas que podem aparecer sugerindo alternativas. “Por exemplo, oferecer óculos escuros para um jovem com hipersensibilidade visual ou headphones para um autista com sensibilidade auditiva. Compreender o autismo e tentar facilitar ao máximo a comunicação com essas pessoas é fundamental para a inclusão e participação desses indivíduos na vida social”, finaliza Mary.