Especialistas esclarecem quando é importante substituir a escova, com ou sem a infecção pela doença
Por: Rafaela Soares/Agência Brasil 61
A moradora do Distrito Federal Tainá Morais já pegou Covid-19 e diz que tem medo que as escovas de dente fiquem contaminadas. “Entre o início da pandemia, que eu peguei Covid pela primeira vez, entre janeiro de 2022, eu já troquei as escovas quatro vezes. Eu não sei o período certinho, vou trocar de três em três meses, não. Quando eu vejo que já deu, eu vou lá e troco.”
Assim como Tainá, muitos brasileiros e brasileiras trocaram a escova de dentes depois da infecção pela Covid-19, devido às informações que circularam pela internet de que seria uma medida contra a reinfecção pela doença. Mas o infectologista Hemerson Luz esclarece que se trata de um mito: apesar da presença do coronavírus na cavidade oral e nas glândulas salivares de pessoas infectadas, não é possível de infectar utilizando a mesma escova
“Os cremes dentais de hoje possuem substâncias detergentes e anti trigentes que acabam inativando o vírus. Mas, temos que lembrar que uma pessoa infectada deve se isolar e, naturalmente, sua escova de dente não pode estar próxima das outras de outras pessoas da casa”
Segundo o presidente da Associação Brasileira de Odontologia (ABO) no Distrito Federal, Aroldo Pinheiro, independente da doença, a higiene da escova após a escovação é fundamental. “Você tem que lavar bem a escova e secá-la bem com um pano ou papel toalha. A escova não pode ser guardada molhada, ainda com restos de creme dental, de pasta de dente, porque ali vão acabar proliferando bactérias. Você vai acabar contaminando sua escova”
Ele também garante que é necessário a separação das escovas de dente em caso de infecção pela doença. “O primeiro passo que o paciente deve ter para o controle da infecção no seio familiar é separar a escova de dente dele [das escovas] dos demais membros da família. Se ele é casado ou tem filhos e dividem o mesmo ambiente para as escovas, isso tem que ser separado, porque o coronavírus fica muito concentrado nas vias aéreas superiores, ou seja, na boca e no nariz. É uma área que tem alta virulência. É por isso, inclusive, que tem alta capacidade de contaminação.”
Independentemente de ter tido Covid-19 ou não, existe a orientação de trocar a escova regularmente. Substituir o item apenas após estar muito desgastado pode prejudicar a qualidade da escovação. A cirurgiã dentista Tatiana Centurione explica o prazo correto: “Geralmente, nós dentistas, recomendamos que essa troca da escova dental seja feita a cada três meses, ou antes, se as cerdas estiverem bem deformadas”, orienta.
A dentista e especialista na saúde da família, Caroline Igreja, também orienta a troca da escova de dentes quando há sinais evidentes de desgaste. “No caso do paciente que usa aparelho ortodôntico, que as cerdas das escovas vão ficando muito abertas, aí é indicado trocar a escova.”
Saúde bucal
A importância de cuidar dos doentes e da boca vai além de não ter cáries. O coordenador do curso de Odontologia do UDF Centro Universitário, Emílio Barbosa e Silva, explica que a saúde bucal faz com que as pessoas tenham uma vida plena de uma maneira funcional, como mastigar os alimentos, e do ponto de vista estético. “A saúde bucal está inserida dentro de um contexto de saúde geral do paciente. E obviamente que a boca é uma parte do organismo humano que é a porta de entrada dos nossos alimentos, relacionada aos sentimentos de alegria, como o sorriso.”
E escovar os dentes é uma medida fundamental para garantir a saúde bucal. A dentista Caroline explica que, quando a pessoa não faz a escovação adequada, os dentes ficam com muita placa bacteriana e essa placa vai se transformar no chamado tártaro.
“Diariamente, pacientes que saem do consultório e que ficam muito tempo sem fazer visita regularmente ao dentista a maior incidência de perda dentária ou problemas de saúde na cavidade bucal é a falta de escovação. Toda a saúde bucal se inicia pela escovação e pela boa higiene.”
Ela também garante que a ordem correta de uma escovação deve começar com o fio dental, a escovação e, por último, o enxaguante bucal.
A escovação não é a única medida para garantir o cuidado com a boca. Outro ponto importante também é a alimentação. Tatiana Centurione diz que evitar alguns tipos de substâncias é fundamental para a saúde da boca. “Ter uma alimentação saudável, rica em frutas, legumes, verduras e evitando o consumo de bebidas alcoólicas, açúcar e tabaco”, explica.
Atendimentos no SUS
De acordo com dados do Ministério da Saúde, 624.913 pessoas foram à sua primeira consulta odontológica em janeiro deste ano. Já em 2021, foram mais de 6.536.913 pacientes que buscaram atendimento.
Caroline Igreja afirma que o cuidado do brasileiro com a saúde bucal melhorou, com o avanço da informação e a internet. “De uma maneira geral, a gente vê que a saúde bucal dos brasileiros melhorou muito da década de 60 para cá. Porque antigamente como não tinha muito acesso ao dentista e ou, quem tinha, pagava muito caro pelos tratamentos, os pacientes chegavam lá e o dentista só extraía.”
Confira os atendimentos
Ano | Primeira consulta odontológica | Consulta de retorno | Consulta de manutenção |
2019 | 9.131.937 | 13.647.219 | 2.692.422 |
2020 | 3.630.875 | 4.308.138 | 1.482.582 |
2021 | 6.536.771 | 7.498.873 | 2.696.016 |
2022 (dados disponíveis até janeiro) | 624.913 | 686.776 | 254.324 |
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