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Vaquejada

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A vaquejada ou derrubada, tem origem entre os séculos 17 e 18 com o trabalho nas fazendas para reunir o rebanho bovino, então criado solto na mata. Por volta de 1940 os vaqueiros nordestinos passaram a se reunir para tornar públicas suas habilidades nessa atividade, e os fazendeiros da região começaram a organizar torneios. Esse tipo de competição logo foi incorporado a festividades de muitas cidades. Inicialmente amadoras. Essas competições passaram por aperfeiçoamentos na organização com calendários específicos e regras bem definidas. A adesão de patrocinadores despertou o interesse da mídia.

Contam atualmente com estrutura própria dos grandes eventos desportivos e registram receitas milionárias.  Pagam altos valores em prêmios aos competidores, e ao pessoal de apoio. Cada prova de vaquejada mobiliza cerca de 270 profissionais: veterinários, juízes, inspetores, locutores, organizadores, seguranças, pessoal de apoio ao gado e de limpeza das instalações e filmagens.

 As festas da vaquejada são animadas por cantadores, bandas de música de forró, e outros artistas, concurso de rainhas, locutor   e rojões.  São muito concorridas.  No Sul são conhecidas por rodeio.  O evento é visto atualmente com conotações de produção e divertimento, visando   receita e a exploração do consumo.

A Vaquejada ou a derrubada do boi, é um folguedo rural que consiste em jogar ao chão um boi, novilho ou vaca, puxando-os bruscamente pela cauda.  Oportunidade de os vaqueiros exibirem suas habilidades em derrubar a rês (boi, novilho ou vaca).

 Para essa competição participam dois vaqueiros a cavalo.   O da esquerda conserva a direção do animal e é denominado de esteira. O da direita emparelha com o boi, segura-lhe a cauda, dando-lhe um forte puxão e afasta o cavalo. Esse procedimento é chamado de música ou salada.

  Desequilibrado o animal cai de patas para o ar. Se tiver sucesso o vaqueiro é muito aplaudido, e recebe uma fita simbólica colocada em seu braço, se fracassa, é alvo de grande vaia.  A vaquejada é muito popular no sertão brasileiro e entre os povos hispânicos. A derrubada na faixa apropriada é o ápice da competição.

Criadores, organizadores e vaqueiros são acusados pelos defensores dos animais de maltratar cruelmente os bois derrubados pela cauda. Defensores dos animais denunciam arrancamento de rabos dos animais, para evitar esse acontecimento, foi lançado o rabo artificial, para proteção da cauda, além de outros danos.

A vaquejada é uma fronteira econômica e cultural peculiar, porque compreende a forte tradição rural do Brasil sob o impacto das mutações produzidas pelos novos formatos de negócio. O resultado é a metamorfose das nordestinas pegas de boi na Caatinga, que antes era protagonizadas por vaqueiros, envergando gibões e chapéus de couro.

 Segundo Henrique Carvalho da Abvaq – Associação Brasileira da Vaquejada, é difícil precisar quantas pistas de vaquejadas há no Brasil. Os cavalos, Quarto de Milhas, são considerados como os melhores para esse tipo de peleja, são treinados para competir.   Os bois são levados diretamente do pasto para as provas, que duram entre três e quatro dias.

A vaquejada é festa popularíssima no sertão e reúne grande número de pessoas curiosas, turistas e de admiradores do evento. Atraem vaqueiros famosos de diversos lugares e alguns trazem os seus cavalos prediletos, para participarem e concorrerem aos prêmios anunciados.

Os cantadores e violeiros sempre presentes, improvisam canções em homenagem aos intrépidos vaqueiros e histórias do boi valente, imortalizando-o. A literatura de cordel registra trovas de cantadores feitas para o boi, como as do Surumim, da Vaca do Burel ou do Rabicho da Geralda, e enaltecem os vaqueiros.

No Estado da Bahia foi suspenso, pelo menos, dez eventos, mas o Judiciário tem autorizado a prática.  Há leis que autorizam a vaquejada em Alagoas, Bahia, Piauí e Paraíba e, mais recentemente no Maranhão.

Depoimentos:

 Defensores da derrubada de bois, argumentam que a proibição dos torneios prejudica os vaqueiros e a economia local.

Senador José Maranhão: “Trata-se de uma realidade completamente diferente daquela dos grandes centros urbanos, onde temos um ambiente fértil de produção e oferta de cultura. Caso seja proibida a vaquejada, retiraremos das populações rurais, especialmente as das Regiões Norte e Nordeste, uma das poucas opções de acesso à cultura e ao lazer que lhes está disponível.

Ronaldo Caiado: a vaquejada não foi criada como esporte, mas como uma necessidade para o manejo do gado.

 Humberto Costa verificou in loco as condições da vaquejada e afirma que não há crueldade na derrubada dos bois.

Gleisi Hoffmann: o que nos dá o direito de colocar e derrubar animais em arenas e escrever na Constituição que é cultura?

 Vânia Nunes e Luisa Mell, médicas veterinárias, consideram impossível a ausência de sofrimento físico e mental pelos bois que são tangidos e derrubados.

Pimentel, que presidiu os debates na Comissão de Educação, vê importância cultural e econômica na vaquejada.

O debate sobre a constitucionalidade da Lei 15.299/2013 do estado do Ceará, que regulamenta a atividade de vaquejada, dividiu o Supremo Tribunal Federal.  Por 6 a 5, um placar apertado, portanto, o Plenário do STF decidiu que o dever de proteção ao meio ambiente se sobrepõe à proteção aos valores culturais representados pela vaquejada.

O ministro Marco Aurélio, relator da ADI, considerou que os laudos constantes no processo demonstraram consequências nocivas à saúde dos animais como fraturas, ruptura de ligamentos, traumatismos e deslocamento da articulação do rabo e até o arrancamento dessa parte do corpo e outros danos causadores de dores físicas e sofrimento mental. Para o magistrado, a tortura e outros tipos de maus-tratos impostos aos bois na vaquejada são indiscutíveis e se enquadram no conceito de crueldade com animais, tal como expresso no artigo 225 da Constituição.

Houve protesto dos ativistas contra a vaquejada em São Paulo. Para eles, a falta de sensibilidade com o sofrimento dos animais leva a uma sociedade que despreza o valor da própria vida humana.

Na Bahia a vaquejada é praticada há mais de cem anos. Desde 2014 a atividade integra o patrimônio cultural imaterial do Estado e desde 2015 é reconhecida como prática desportiva e cultural.

A vaquejada é o principal evento anual de Serrinha/BA, uma das tradicionais do país, é um negócio milionário e faz parte dos eventos da cidade. A elevação da vaquejada e do rodeio à categoria de patrimônio cultural imaterial, foi aprovada no PLC 24/2015,

Trata-se de uma tradição nordestina, milhares de pessoas dependem dela, são festas importantes e símbolo da região do Nordeste.

Diante da proibição imposta pelo STF, a atividade que nasceu das pegas de boi, obteve vitória no Senado.  Cerca de três mil pessoas, entre vaqueiros e criadores, protestaram em Brasília, contra a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de considerar inconstitucional a regulamentação da vaquejada. Na marcha para Brasília, criadores e vaqueiros buscaram mostrar a tradição e medidas protetivas para conseguir apoio aos torneios. Esse torneio que é uma das marcas do Nordeste, embora também seja realizado em outras regiões, como a festa de peão em Barretos/São Paulo.

Características para a realização da vaquejada: “O animal tem que ser adulto, tem que estar em ótima condição física; só corre duas vezes na vida; a cauda é artificial; a camada de areia [na pista] é de 40 centímetros”. (Oto Alencar).

Senador Garibaldi Alves: a vaquejada é hoje uma questão de sobrevivência para os nordestinos que vivem na zona rural. PEC dá à vaquejada status de prática cultural não violenta. A maioria dos Senadores reconheceu o valor cultural da vaquejada.

O Projeto de Lei da Câmara 24/2016, do deputado Capitão Augusto (PR-SP), com relatório favorável do senador Otto Alencar (PSD-BA), elevou o rodeio e a vaquejada, assim como suas respectivas expressões artístico-culturais, à categoria de “manifestações da cultura nacional” e de “patrimônio cultural imaterial”.

Aprovado no Senado em 31 de outubro e sancionado em 30 de novembro, o PLC 24 foi convertido na Lei 13.364/2016. A elevação da vaquejada e do rodeio à categoria de patrimônio cultural imaterial, foi aprovada no PLC 24/2015. Vaquejada se tornou patrimônio por lei.

A profissão de peão de vaquejada foi regulamentada no Brasil pela Lei nº 10.220, de 11 de abril de 2001, que considera “atleta profissional o peão de rodeio e ou vaquejada.

 Não há registro desse processo no Brasil antes de 1870.  Sabe-se que o costume existia antes dessa época, pois é mencionado pelos escritores José de Alencar e Euclides da Cunha.  J. M. Cardoso de Oliveira descreveu uma derrubada na Bahia, o vaqueiro segurando o boi pelo chifre.

A pista oficial, exigida para disputas profissionais, é de 160 metros de comprimento por larguras de 15 metros na saída do brete e 45 metros no final da área de desaceleração.  a) A área de tolerância tem 10 metros de comprimento; b) A área de ajuste do boi é de 90 metros; c) A faixa de pontuação é de 10 metros; e d) A área de desaceleração é de 50 metros. A pista tem cobertura de 40/50 cm de areia para amortecer as quedas. O boi é fechado em curral, passa pelo brete (corredor) e entra na arena.

 

 

 

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