Por: Helder Azevedo
Segundo levantamento realizado no país, quatro em cada dez brasileiros estavam negativados em abril deste ano, o que equivale a cerca de 62 milhões de pessoas. Os dados que apontam para este cenário são da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil).
Ainda de acordo com o levantamento, o número de consumidores com contas atrasadas cresceu 5,59% em relação a abril do ano passado. Já na passagem de março para abril, o número de devedores cresceu 0,46%.
“Mais de 75% das famílias brasileiras possuem dívidas no Brasil. É possível justificar parte desse endividamento com o aumento da inflação, elevação do desemprego e diminuição do poder de compra da população. Para minimizar os efeitos do endividamento das famílias brasileiras, é preciso estancar novas dívidas, mesmo que sejam pequenas. A inflação de itens como combustível, energia elétrica e alimentos, provocam um endividamento natural se a renda não acompanhar o processo. Esses três pontos deverão ter uma atenção especial em seu consumo com pesquisas de preços e melhores custos benefícios”, afirma o presidente do Conselho Regional de Contabilidade da Bahia (CRCBA), André Luis Barbosa dos Santos.
Devido ao cartão de crédito, a quantidade de brasileiros endividados bateu novo recorde em abril de 2022; 77,7% das famílias brasileiras fecharam no vermelho, contra 77,5% em março do mesmo ano, segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Se comparado ao ano passado, com a parcela de endividados correspondendo a 67,5% do total, o salto foi de 10,2%.
Recorrer a linhas de crédito requer cuidados com os reflexos posteriores, alerta André Luis Barbosa. “Só vale a pena quitar dívidas de cartão de crédito, contraindo outra dívida, se a taxa de juros e encargos forem menores do que a dívida já existente. No entanto, o melhor a se fazer ainda é diminuir o consumo exagerado e sem critério associado às necessidades básicas além de eliminar despesas recorrentes e extraordinárias”, completa.
Outro dado alarmante revela que a inadimplência também atingiu nova máxima histórica, desde que começou a ser levantada, em 2010. O percentual de famílias com dívidas ou contas em atraso passou de 27,8%, em março, para 28,6%, em abril. Em um ano, o salto foi de 4,3 pontos percentuais. A parcela de famílias que afirmou não possuir condições de pagar as dívidas em atraso e, devido a isso, permanecerá inadimplente atinge o maior patamar desde dezembro de 2020. Os números revelam que essa fatia chegou a 10,9%, contra 10,8% em março e 10,4% há um ano.
“O brasileiro costuma consumir guiado pela emoção. É indicado fazer a ordem inversa, gastar primeiro o que pode, depois com o que precisa e, por fim, o que quer. Evitar cair na armadilha do endividamento com cartão de crédito é tentar consumir conscientemente, atentando para o seu orçamento. É preciso usar o cartão como modalidade de pagamento ou controle, e não como disponibilidade de recursos ilimitados”, finaliza o presidente do CRCBA.